O perigo da felicidade organizacional
Por Alexandre Real, co-fundador e partner da Sfori
A “Jacinta” tem o filho gravemente ferido e internado no hospital e, quando mais necessitava do apoio da empresa, foi ignorada pelos colegas porque estavam a festejar que tinham sido considerados a empresa mais feliz.
O líder da organização “maquilha” os maus resultados financeiros da instituição porque não deseja comprometer a felicidade e a confiança dos colaboradores e stakeholders.
O mercado contrai-se e a mulher de um colega de trabalho é despedida, mas o nosso colega tem de se manter feliz para não comprometer o bom ambiente na empresa.
Ontem de manhã, o CEO da empresa enviou um email para todos os colaboradores a consciencializar que brevemente terão de responder a um survey sobre se a empresa tem um bom clima organizacional e se é uma empresa feliz. O mesmo CEO alerta também que é muito importante terem um bom resultado por questões de employer branding e futuras acções de marketing e reputação.
É isto que queremos?
A genuinidade e a empatia organizacional são fundamentais para promover o bem-estar dos colaboradores e a performance das empresas. A transparência e a honestidade são essenciais para a construção de um ambiente de trabalho saudável e produtivo.
Os ambientes de trabalho devem ser saudáveis, equilibrados e promotores de bem-estar físico e mental dos colaboradores.
Destacar o propósito e o significado das organizações, em detrimento da busca constante da felicidade superficial e ilusória, é crucial para assegurar interacções mais genuínas, autênticas e empáticas entre todos numa organização. Esta abordagem consciente e alinhada com valores éticos traz vantagens reais e duradouras para toda a organização, promovendo um clima organizacional positivo, o envolvimento dos colaboradores, a promoção de um senso de propósito compartilhado e, consequentemente, aumenta a produtividade e a eficácia das equipas.
Portanto, é essencial que as empresas invistam numa cultura de trabalho saudável, que valorize o respeito, a transparência, a confiança e a colaboração, criando um ambiente propício para o crescimento individual e colectivo, além de favorecer o alcance dos objectivos organizacionais. Concluindo, as instituições devem priorizar a autenticidade em vez de uma felicidade fabricada.
Frequentemente, existe uma ilusão e uma obsessão em manter uma aparência de felicidade constante, o que gera um cenário artificial, enganoso e arriscado. A adversidade e a prosperidade são componentes naturais de qualquer organização. É vital fomentar a empatia organizacional, o respeito e solidariedade, para enfrentar estes desafios, criando um ambiente mais saudável e propício à colaboração.
A noção equivocada e enganosa de felicidade empresarial frequentemente cria um cenário artificial, ilusório e desorientador nas organizações, onde se cultiva a ideia completamente falaciosa de que a felicidade deve ser perseguida e conquistada a qualquer preço, mesmo que isso implique riscos desnecessários e enganosos. No entanto, ao invés de buscar a felicidade a qualquer custo, é essencial que as empresas priorizem a autenticidade, a genuinidade e a construção de um ambiente verdadeiro, realista e saudável para todos os colaboradores envolvidos.
Afinal, é somente através deste contexto propício e acolhedor que os colaboradores serão capazes de prosperar e desenvolverem-se de maneira plena e genuinamente felizes no ambiente de trabalho.
Propagar a felicidade a qualquer custo pode acarretar riscos significativos para as organizações, uma vez que pode estabelecer expectativas inalcançáveis e criar um clima de pressão e stress. Além disso, a promoção exagerada da felicidade pode incentivar que os colaboradores ocultem as suas verdadeiras emoções, resultando numa falta de autenticidade no local de trabalho.
É essencial que as empresas encontrem um equilíbrio saudável entre o desejo fervoroso pela felicidade e a valorização da genuidade e da empatia no contexto organizacional. Isto implica criar um ambiente seguro e acolhedor, no qual os colaboradores possam expressar-se livremente e sentirem-se confortáveis para compartilhar tanto os seus sucessos como as suas dificuldades, sem medo de serem julgados.
Neste sentido, é fundamental que a liderança esteja atenta e seja sensível às necessidades emocionais dos colaboradores, oferecendo suporte e encorajamento quando necessário. Ao mesmo tempo, é importante lembrar que a felicidade não é uma meta a ser alcançada a todo o custo, mas sim um estado de bem-estar subjectivo que pode ser cultivado através de um ambiente de trabalho saudável.
Portanto, as empresas devem enfatizar valores como respeito, colaboração e equilíbrio entre vida pessoal e profissional, para que os colaboradores se sintam valorizados e motivados a contribuir para o sucesso da organização. Além disso, a promoção da genuinidade e empatia dentro das empresas pode resultar num ambiente de trabalho mais positivo e produtivo, onde os colaboradores se sentem mais comprometidos com a missão e valores da empresa.
Assim, será possível criar uma cultura organizacional sólida, na qual a felicidade não seja imposta, mas sim construída colectivamente. Esta abordagem promoverá não apenas o crescimento e a produtividade da empresa, mas também a felicidade genuína e duradoura dos seus colaboradores.
Factores como instabilidade económica, mudanças no mercado, dificuldades operacionais e desafios internos podem afectar adversamente a empresa. É crucial reconhecer que o sucesso não é um estado permanente e que os períodos de dificuldades são oportunidades valiosas para aprender, crescer e se adaptar. Aceitar esta realidade é fundamental para uma liderança eficaz e para sustentar um contexto motivacional, pois é durante estas fases desafiadoras que a verdadeira resiliência e inovação são testadas e consolidadas. Desta forma, uma empresa que se mostra capaz de enfrentar e superar estes desafios tende a fortalecer-se e a destacar-se no cenário empresarial.
Portanto, é essencial encarar os altos e baixos como parte integrante do caminho para o sucesso e aproveitar cada experiência como uma lição valiosa. É por meio desta mentalidade que as empresas podem aprimorar as suas estratégias, processos e abordagens, garantindo um crescimento constante e sustentável.
No entanto, é importante destacar que a superação dos desafios não é uma tarefa individual, mas sim um esforço conjunto de todos os membros da organização. Ao promover uma cultura de colaboração, comunicação aberta e respeito mútuo, é possível enfrentar os momentos difíceis com maior eficácia e encontrar soluções inovadoras. Compreender e aceitar que a adversidade faz parte do processo de evolução e crescimento é o primeiro passo para construir uma empresa resiliente e pronta para enfrentar qualquer desafio que possa surgir.
A incorporação da genuinidade e da empatia nas actividades corporativas oferece diversas vantagens palpáveis, como aprimoramento do ambiente organizacional, fortalecimento de laços entre colaboradores, diminuição da rotatividade e do absenteísmo, além de elevar a satisfação e o comprometimento dos colaboradores. A prática da autenticidade e de se colocar no lugar do outro fortalece a confiança e a lealdade, influenciando positivamente tanto dentro quanto fora da organização, melhorando a imagem e reputação comercial da empresa. O fomento de interações humanas sinceras cria um ambiente de trabalho mais saudável e equilibrado, reflectindo positivamente na produtividade e na obtenção de resultados consistentes.
Em conclusão, é possível declarar que a busca incessante pela felicidade empresarial pode ser uma quimera perigosa, gerando um cenário artificial e insustentável. Torna-se essencial aceitar e gerir os altos e baixos organizacionais, fomentando a empatia, o respeito mútuo e a solidariedade entre colaboradores. Relações de trabalho autênticas conferem benefícios concretos, influenciando de maneira positiva nos resultados e na eficiência das organizações.