Inteligência Artificial vs Inteligência Emocional: E o vencedor é…
Por Fernando Torre, director de Curso da Pós-Graduação em Soft Skills (para a Gestão) da PEA/ISCAP
O mundo está cada vez mais VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo)! Entre uma pandemia e a vivência de duas guerras que nos trazem uma visão pouco optimista do futuro da humanidade, um outro fenómeno tem ganhado uma especial atenção: o emergir da Inteligência Artificial (IA). Em 30 de Novembro de 2022 a OpenAI lançou o Chat GPT e nada foi nem será como dantes – processos mais automatizados, mais ágeis, menos dependentes das pessoas. De acordo com o próprio Chat GPT, “a IA visa criar sistemas que podem realizar tarefas complexas de maneira eficiente e autónoma, aproximando-se das capacidades humanas de percepção, raciocínio e interacção”.
Se, por um lado, este mundo novo traz um conjunto ilimitado de vantagens para o ser humano, não é menos verdade que a ansiedade, preocupação, nervosismo e pessimismo sobre o futuro dos seus postos de trabalho está presente no dia-a-dia das pessoas. Dito de outra forma, o crescimento da utilização da IA tem e continuará a ter consequências no domínio da Inteligência Emocional, ao monitorizar emoções e ter a capacidade de usar esses sentimentos para gerar pensamentos e acções. Assim, um dos grandes desafios do gestor/líder de Pessoas passa por conciliar a necessidade de criar sistemas mais eficientes (através da IA) com a capacidade de gerir/liderar as pessoas de uma forma mais eficaz, orientando as suas acções e pensamentos (através da Inteligência Emocional).
Num mercado altamente competitivo, será óbvio, racional e até exigível que as organizações usufruam das vantagens da IA. Se o não fizerem, outras o farão e o risco do seu não aproveitamento poderá ser dramático. Enquanto pessoas e profissionais, mais tarde ou mais cedo, teremos forçosamente de lidar e interagir com a IA.
Face a esta realidade, como gerir talento? Como motivar as pessoas? Como mantê-las empenhadas e minimamente felizes no desempenho das suas funções? Como conseguir ajudá-las a enfrentar com sucesso os desafios da IA? Uma das estratégias pode(rá) passar por uma liderança emocionalmente inteligente. E um líder emocionalmente inteligente significa ter uma forte autoconsciência, ter capacidade de autogestão, com consciência social e ser um eficaz gestor de relações. E será sob esse estilo de liderança que as pessoas poderão melhorar a sua comunicação, o seu trabalho em equipa, aumentar a sua empatia e desenvolver a resiliência necessária para lidar eficazmente com os desafios da IA.
Quem vencerá então este desafio? A Inteligência Artificial ou a Inteligência Emocional? Pois bem, ao contrário do que acontece no desporto e na guerra, podemos estar perante uma situação win-win. A Inteligência Artificial, supondo a previsível e contínua evolução exponencial, pode(rá) ajudar o ser humano a compreender e a gerir melhor as suas emoções e as dos outros. Por outro lado, o desenvolvimento da Inteligência Emocional pode(rá) ajudar o ser humano a enfrentar e vencer os desafios que a Inteligência Artificial lhe coloca e lhe continuará a colocar. De facto, o vencedor terá de ser sempre o ser humano e, para vencer, deverá aprender a usufruir da IA e a desenvolver a sua Inteligência Emocional. Caso não o façam, as pessoas correm o risco de serem totalmente manipuladas por algoritmos que, por definição, não possuem qualquer tipo de Inteligência Emocional…