Maternidade e carreira: por que devemos escolher?

Por Luísa Figueiras, Engineering manager na xelerate.tech

Cada um dos meus três filhos deu-me a conhecer o verdadeiro caos: fraldas, biberões, intermináveis ciclos de máquinas de lavar, brinquedos espalhados por toda parte, birras que testam os limites da paciência, dores nas costas de embalá-los para dormir, olheiras das noites mal dormidas e os famosos banhos de dois minutos que mal parecem uma pausa.

Mas trouxeram-me muito mais do que isso. Cada um dos meus filhos trouxe-me alegria, resiliência, empatia, inteligência emocional, habilidades de comunicação, escuta activa e, acima de tudo, um curso intensivo de gestão de tempo a um nível excepcional!

Este não é um artigo sobre o quanto amo os meus filhos (embora os ame, infinitamente). É sobre o quanto um filho pode trazer ao de cima o melhor de nós— se escolhermos seguir esse caminho. A maternidade é uma realidade para a vida toda, e com ela vem um ajuste inevitável na nossa personalidade. Mas essas mudanças não são apenas pessoais, elas são profissionais também. E isso merece ser celebrado!

Dito isto, reconheço que a decisão de ter filhos (ou não) é profundamente pessoal e única. Algumas pessoas encontram realização na vida familiar, outras em diferentes caminhos, e ambas são escolhas igualmente válidas. Este artigo não é sobre glorificar uma escolha em detrimento da outra, mas sobre reconhecer que a maternidade, para quem a escolhe, pode coexistir com uma carreira super gratificante.

Para as mulheres que optam por ter filhos, os nossos “anos férteis” frequentemente coincidem com o auge das nossas carreiras. E, apesar de todos os sistemas de apoio existentes— licença de maternidade, horários flexíveis, entre outros— ainda persiste uma tensão entre crescer na carreira e criar uma família.

Mas a verdade é que não deveríamos ter de escolher. Na verdade, nem deveríamos ser questionadas a escolher.

O que precisamos é de incentivo para perseguir tanto a maternidade quanto as nossas carreiras, sem culpa ou medo de perder em nenhuma das duas frentes. As medidas de apoio existentes são um passo na direcção certa, mas sejamos sinceros— ainda têm muito espaço para melhorar. O que realmente faz a diferença, além das políticas e da licença parental, é o apoio incondicional da empresa onde trabalhamos.

E esse apoio faz toda a diferença! Não se trata apenas de “equilibrar” maternidade e carreira, trata-se de deixar que ambas prosperem.

A maternidade não precisa de desviar as aspirações na carreira de uma mulher, especialmente para aquelas em posições de liderança. Pelo contrário, na grande maioria dos casos, a maternidade impulsiona e orienta o nosso percurso, aprimorando o nosso foco e dando-nos novas perspectivas que nos tornam melhores líderes.

Obviamente, não existe uma abordagem única para a vida. Sejamos mães ou considerando ser, ou caso tenhamos decidido não ter filhos, a verdadeira conversa aqui é sobre respeitar e apoiar as escolhas individuais. Pessoalmente, sou apaixonada por duas coisas: maternidade e a minha carreira. Por que eu, ou qualquer mulher, deveria ter de escolher entre elas quando ambas podem funcionar tão melhor em sinergia?

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