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Universitárias deslocadas sofrem mais de ansiedade do que colegas masculinos
As estudantes que frequentam universidades fora da sua área de residência apresentam níveis significativamente mais elevados de ansiedade e stress do que os colegas do sexo masculino nas mesmas circunstâncias. Esta é a principal conclusão de um estudo produzido pelo Instituto Superior Miguel Torga – ISMT, em Coimbra, que analisou as dificuldades emocionais enfrentadas por estudantes que vão estudar para longe das suas casas.
«A maior maturidade das mulheres estudantes, a forma mais consciente como encaram os problemas e as expectativas sociais mais elevadas que têm em comparação com os homens, traduz-se em geral em mais sintomas emocionais negativos», afirma Ilda Massano Cardoso, investigadora e docente do ISMT, que coordenou o estudo. «As preocupações financeiras, de integração social e de desempenho académico afetam mais as universitárias do que os estudantes masculinos».
Nos sintomas de depressão, a distinção entre mulheres e homens não é significativa, indica o estudo “Ansiedade, depressão e stress em estudantes universitários deslocados da sua residência”. Publicado em Novembro, integra a Revista Portuguesa de Investigação Comportamental e Social editada há dez anos pelo Instituto Superior Miguel Torga (ver revista em anexo).
O estudo revela que os estudantes deslocados exibem mais sintomas emocionais negativos – ansiedade, depressão e stress – do que a população portuguesa em geral. «A transição para o ensino superior é um marco importante na vida dos jovens, traz novas possibilidades, mas também desafios significativos, especialmente para aqueles que precisam de se deslocar das suas casas», afirma Ilda Massano Cardoso. «Essa experiência pode desencadear fortes sentimentos de ansiedade e stress devido à adaptação a novos ambientes, responsabilidades acrescidas e mudanças profundas na rede de apoio social».
O estudo aponta que os estudantes internacionais apresentam níveis de ansiedade significativamente mais elevados do que os nacionais.
Entre os estudantes inquiridos, 45,4% relataram dificuldades em encontrar alojamento e 51,5% afirmaram que, embora encontrar alojamento tenha sido possível, não foi na zona desejada. Apesar das adversidades, os estudantes demonstraram um elevado grau de satisfação com o conforto das habitações, com 75,4% a aprovar o mobiliário e 77,9% satisfeitos com a qualidade da internet.
O estudo sugere, contudo, que diante dos desafios emocionais identificados são essenciais intervenções direccionadas para prevenir problemas de saúde mental mais graves entre os universitários deslocados. «Os resultados deste estudo são um claro sinal de alerta para a importância de desenvolver políticas e estratégias integradas de prevenção e promoção da saúde mental, que incluam acesso a serviços de saúde, actividades extracurriculares, redes de apoio social e estratégias de coping adaptativas», afirma Ilda Massano Cardoso. «Estas medidas são fundamentais para ajudar os jovens a lidar com os desafios emocionais da vida académica e reduzir a sua vulnerabilidade», acrescenta.
O estudo explorou também a relação entre idade, anos de escolaridade e sintomas emocionais negativos. Os resultados indicaram que estudantes mais velhos tendem a apresentar níveis ligeiramente mais elevados de depressão, enquanto os anos de escolaridade não mostraram correlação com os níveis de ansiedade, depressão e stress.