A singularidade da liderança feminina: valorização da empatia e colaboração

Por Rita Cadillon, directora de Recursos Humanos na Cegid em Portugal e África

Todos somos líderes únicos, moldados pela combinação das nossas experiências profissionais, pessoais e, inevitavelmente, pela diversidade dos nossos contextos. No entanto, há aspectos que considero serem especialmente desafiantes ou enriquecedores na liderança feminina, especialmente no universo dos Recursos Humanos.

A questão não é se a liderança feminina é “melhor” ou “pior”, mas sim que traz consigo qualidades únicas que enriquecem o ambiente corporativo. Estudos indicam que as mulheres tendem a priorizar empatia e colaboração, promovendo dinâmicas de trabalho mais transparentes e relações de confiança. Na Cegid, essas características são consideradas essenciais tanto para o bem-estar dos colaboradores como para o sucesso organizacional.

O mais recente relatório Diversity wins: How inclusion matters (2020) da McKinsey conclui que existem correlações claras entre a diversidade e a performance das empresas. A análise dos dados de 2019 mostra que as empresas com maior diversidade de género nas equipas executivas tinham 25% maior probabilidade de ter uma rendibilidade acima da média.

Integração cultural: um desafio com propósito

A aquisição da PHC pela Cegid ofereceu-nos, a par dos desafios, uma oportunidade cultural fascinante. Integrar duas equipas com culturas tão marcadas é aquilo que chamo um “desafio com propósito”.  Este processo vai além da simples junção de estruturas, é sobre respeitar e integrar valores complementares. Na Cegid, cada aquisição reflecte um compromisso com um ADN inclusivo, onde a diversidade cultural é vista como uma vantagem estratégica.

Para garantir uma integração bem-sucedida, a Cegid foca-se em pilares fundamentais: respeito pelos valores de cada organização, comunicação clara e contínua, e uma gestão humanizada da mudança. Estes elementos são fundamentais para assegurar que nenhum talento se perde no processo e que novas oportunidades emergem num mercado competitivo.

Inteligência artificial em RH e a essência humana

O tema da inteligência artificial tornou-se uma constante nos desafios de liderança. Na Cegid, já utilizamos IA para agilizar certos processos administrativos. Contudo, é por muito eficaz que o uso de IA seja para análises objectivas, o desenvolvimento das lideranças e o contacto humano constante continuam a assumir a maior relevância nos Recursos Humanos. É precisamente nestes momentos “cinzentos”, para os quais não existem soluções padronizadas, que discernimento e inteligência emocional se tornam imprescindíveis.

O caminho a seguir

Se me perguntarem o que leva as equipas a crescer, diria, sem hesitação, o investimento genuíno nas pessoas. Esteja esse investimento na forma de oportunidades internas, formações, programas de liderança ou, acima de tudo, no reconhecimento do talento. Relembro a todos os gestores de Pessoas, sejam homens ou mulheres, que o sucesso está na construção de equipas que se sentem ouvidas, apoiadas e motivadas.

Enquanto equilibramos inovações tecnológicas como a IA, lideranças diversificadas e processos culturais desafiantes, devemos lembrar-nos que, na essência, lideramos pessoas. E é na humanidade que reside o verdadeiro potencial de qualquer empresa.

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