Como sobreviver a conflitos no trabalho, de forma simpática
Um guia para pessoas não conflituosas gerirem divergências no local de trabalho de forma eficiente.
Quando somos pessoas denominadas “simpáticas”, os conflitos no local de trabalho podem ser um desafio. As pessoas “más” não são melhores nos conflitos, apenas gostam mais de estar nessa situação. Uma pesquisa recente da Universidade da Columbia demonstrou que a forma como lidamos com os conflitos pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso na sua carreira.
Os investigadores mediram cientificamente algo que a maioria das pessoas sabe de forma empírica – as pessoas que são demasiado agressivas perante um conflito prejudicam a sua performance ao aborrecerem ou alienarem os colegas, enquanto que as mais passivas face a estes cenários veem a sua habilidade de atingir os objectivos dificultada.
O segredo é ser-se assertivo – o equilíbrio delicado entre o cuidar das suas necessidades sem intimidar a outra pessoa até à submissão. As pessoas assertivas procuram balancear a passividade e a agressão (nunca se inclinando demasiado em nenhuma das atitudes). Travis Bradberry, autor da Inteligência Emocional 2.0, explica:
Como lidar com conflitos de forma assertiva
É fácil pensar nas boas pessoas como passivas. Enquanto que muitas vezes tal é verdade, a passividade não cuidada pode acumular até à agressão. Há por aí pessoas muito simpáticas que já exibiram ambos os extremos do espectro. Para ser assertivo, precisa de aprender uma abordagem de conflito saudável, ou seja, lidar de forma directa e construtiva com o problema em mãos sem ignorar ou trivializar as necessidades do outro partido. As estratégias seguintes levam-no até lá.
Considere as repercussões do silêncio
Às vezes, é difícil gerir as emoções e a conversa no bom sentido, principalmente quando a probabilidade de desacordo é alta. A forma mais rápida de motivar-se a agir é considerar em pleno os custo de não falar – costumam ser maiores do que o fazer. O truque é que precisa de transferir as atenções para longe da dor de cabeça que vem, com o envolvimento em todas as coisas que pode ganhar ao fazê-lo.
Diga “e” em vez de “mas”
Esta simples substituição torna o conflito mais construtivo e colaborativo. Diz-se, por exemplo, que o colega “João” quer usar grande parte do orçamento numa campanha de Marketing, mas a nossa equipa está preocupada que esse orçamento possa ser preciso para uma nova contratação. Em vez de dizer, “sabemos que queres gastar o dinheiro, mas precisamos de contratar uma pessoa”, diga “sabemos que queres gastar o dinheiro, e precisamos de contratar uma pessoa”. A diferença é subtil, mas a primeira frase minimizou o valor da ideia do João. A segunda frase demonstrou como vê o problema, sem abrir espaço para discussões.
Fale “hipoteticamente”
Quando é assertivo, não quer “furar” ideias dos colegas (mesmo que queira). Falar de forma hipotética é a melhor forma de o conseguir. Dizer a alguém, por exemplo, “a tua ideia para o produto não vai funcionar porque não consideraste a forma como a equipa de vendas trabalha” é agressivo. Ao questionar hipoteticamente, diz “como achas que a equipa de vendas vai vender este produto?”. Quando vir uma falha, apresente-a de forma hipotética, dá ao outro lado uma hipótese de o explicar. Isto demonstra que é capaz de ouvir a outra pessoa.
Não fale em absolutos (sempre e nunca)
Ninguém faz uma coisa sempre ou nunca. As pessoas não se veem de forma unidimensional, por isso não deve tentar defini-las como tal. Usar frases destas numa discussão torna-as defensivas e fecham-se para o que lhes quiser dizer. Em vez disso, aponte para o que a outra pessoa fez que é um problema para si. Use factos. Se é um comportamento repetido, diga “faz isto muitas vezes” ou “não fazes isto vezes suficientes, para que eu repare”.
Faça boas perguntas até chegar ao cerne da questão
Procure entender o ponto de vista do outro, sempre. Pergunte algo como “porque escolheste fazer isto assim? O que queres dizer com isto?” ou “podes ajudar-me a entender isto melhor?” mesmo que não concordem, usar questões para entender os motivos cria confiança e entendimento de ambos os lados.
Quando desafia, ofereça soluções
As pessoas não gostam quando sentem que tentam cortar as suas ideias. Se estas são desafiadas, mas com soluções oferecidas, demonstra que querem trabalhar juntos e arranjar uma solução. Isto reforça o valor da ideia, mesmo com buracos. Por exemplo, diga “um potencial problema para a tua ideia é _____. Contudo, podemos resolver isso com ____.” Nem sequer oferece logo a solução, mas demonstrou que consegue trabalhar em equipa.
Tudo isto requer inteligência emocional. As pessoas com esta capacidade sabem passar a sua mensagem num conflito, sejam naturalmente assertivas ou não. Consideram os sentimentos dos outros enquanto se impõem com confiança.