A arte de “liderar com mundo”

A diversidade que todos papagueamos à velocidade da luz está, não raras vezes, desligada de um propósito sólido e genuíno de inclusão da multidisciplinaridade, tão necessária para enfrentar a complexidade que sabemos ter o mundo.

 

Por Paula Perfeito, presidente da PWN Lisbon

 

No ambiente organizacional, a diversidade é preconizada, é certo, mas tantas vezes mais apregoada do que praticada, com a coerência e a firmeza que se impõem. Na sociedade, ela é defendida e em tantas ocasiões vilipendiada. No nosso próprio bairro, carece de um sentido comum, porque cada um segue individual e alegremente no seu passeio e tudo parece essa espécie de passeio no parque, hábil, mas curto. Bem, sabemos que, ainda que nascendo todos juridicamente iguais em direitos, somos humanamente feitos de diversidade, mas nem sempre sabemos o que fazer com ela na hora de nos sentarmos à mesma mesa.

Sou levada pela memória a uma exposição de arte urbana que visitei há anos, unindo em torno do eixo temático da cidade de Lisboa sete artistas totalmente diferentes e as diferenças das suas disciplinas implícitas. A pintura, o design, a música, o desenho, a fotografia, a literatura e as artes plásticas surgiram combinados, num ambiente analógico e digital, tradicional e moderno, com beleza e estranheza, instigante. Seriam as sete colinas? Sei que a experiência oferecida beneficiou desta amplitude de expressões e pensamentos artísticos, desta largura de linguagens, deste combustível aspiracional que nos é dado, de mão beijada, quando as várias disciplinas se cruzam, integram e falam entre si e por si.

Mesmo correndo o risco de que a memória me traia, porque sempre nos chega (re)editada, como as fotografias, para que a vida nos pareça um pouco melhor, a verdade é que a arte, nas suas variadíssimas expressões e plasticidades, surge como uma fonte inquestionável de referências e modelos para nos definirmos e desenvolvermos, questionarmos e repensarmos os nossos papéis e, nesse outro passeio, mais longo, tornarmos mais interessante o mundo.

O ponto é: não é suposto sermos Miguel Ângelo ou Leonardo da Vinci, que marcaram a sua época e a História toda. Como líderes, contudo, devemos saber agregar quem pinta, faz escultura, é matemático, engenheiro ou escreve poesia, num colectivo com a versatilidade de que o Renascimento foi proponente. Caso contrário, seremos sempre os mesmos, com as mesmas ideias e a praticar de forma igual as mesmas coisas, num (aparente) paraíso perfeito.

Com o propósito de ser referência na construção e consolidação dessa arte de liderar com mundo, a Professional Women’s Network Lisbon (PWN Lisbon), organização global com uma visão estratégica para a liderança e o talento, mantém-se firme, ao cabo de 14 anos de actividade em Portugal, nessa missão de servir e criar impacto numa comunidade crescente de membros e numa sociedade com crescentes desafios.

Já pensaram, verdadeiramente, o que uma liderança diversa e inclusiva propõe? A valorização de equipas diversas, em todas as vertentes: idade, género, geografia, formação e cultura; com um propósito claro e comum, materializado no conhecimento do contributo específico para as metas de toda a equipa, e a sua articulação, por sua vez, com a razão de existência da organização; e a intencionalidade de impactar positivamente a vida do outro, com os diferentes stakeholders incluídos. São três medidas para, com pequenos passos – exequíveis e ligados –, transformar activamente o mundo para melhor. E prepará-lo para se sentar à (mesma) mesa.

 

Este artigo foi publicado na edição de Março (nº. 171) da Human Resources, nas bancas.

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