Como a digitalização do mercado de trabalho está a trazer novos hábitos (e novos desafios)

A era digital vem influenciar o mercado de trabalho e os hábitos de profissionais de diversas áreas, é por isso necessário preparar o ser humano para viver e trabalhar nesse universo digitalizado. 

Por Elsa Bizarro, directora de Recursos Humanos da Premium Green Mail

 

A velocidade a que o mercado de trabalho se transforma, muito por influência da era digital, leva-nos seguramente a pensar que muitas das profissões que hoje conhecemos vão desaparecer. Significa isto que dezenas de actividades vão ser extintas e outras vão surgir nos próximos anos.

A pandemia que todos vivemos trouxe enormes mudanças, sendo que uma das mais significativas foi, com certeza, ao nível do mercado de trabalho. As empresas e os colaboradores tiveram de se adaptar. Mas as adaptações tiveram de ser equacionadas mais além, pelo Governo e pela União Europeia que tiveram também de desenhar novas metas.

A mais óbvia delas consistiu na prossecução de medidas para alcançar uma maior digitalização e, consequentemente, acelerar todo o processo.

É convicção de muitos gestores que a máquina irá substituir a mão-de-obra humana, outros afirmam que o fenómeno que irá ocorrer será a “tal transformação e evolução das profissões”.

Segundo o último relatório divulgado pelo Índice de Digitalização da Economia e Sociedade (IDES), o acesso à digitalização é desigual. O referido relatório mostra que Portugal ocupa o 15º lugar entre os 27 Estados-Membros da UE em 2022 e subiu uma posição em relação ao ano passado. Sinais de que as medidas emanadas pelo Governo, como o Plano de Ação para a Transição Digital, tiveram impacto.

Ainda que os processos de digitalização no nosso país sejam menores do que nos países do espaço europeu, existem boas notícias: é que, de acordo com o Ministério da Economia, entre 1995 e 2019, foram criados mais empregos decorrentes do investimento na digitalização face à média europeia.

Apesar dos enormes desafios, o mercado de trabalho adaptou-se e os colaboradores seguiram naturalmente a tendência.

Os resultados obtidos parecem demonstrar que a pandemia trouxe para a ribalta a importância de um mundo mais digitalizado e, consequentemente, conectado. A questão é então saber se a digitalização é um meio para um fim, para uma economia mais desenvolvida e sustentável para todos?

Vejamos. O trabalhador é hoje alguém mais consciente e que elege diferentes valores no mundo pós-pandémico. A preocupação com o seu bem-estar físico e mental é muito maior. Aprendeu que, muitas vezes, não precisa de se deslocar para o trabalho todos os dias para realizar uma tarefa que poderia fazer de casa. O “presencial” foi substituído pelo conforto de aplicativos como Zoom e Teams. Uma trend que é ainda mais utilizada no sector tecnológico, onde 88,6% dos profissionais da área trabalham em regime remoto ou híbrido, segundo o estudo “Global Tech Talent Trends”.

Para as empresas de outras áreas, a tendência pode vir a ser um grande desafio, afinal, com a redução (e muitas vezes o fim) do trabalho presencial, possivelmente criou-se uma maior dificuldade nos processos de integração da equipa e melhor entendimento da cultura e valores organizacionais. Por isso é importante usarmos o digital como um meio facilitador, mas não como a solução para o mercado de trabalho.

Muitos colaboradores já colocam como uma das principais condições, quase em pé de igualdade com as condições de remuneração, a possibilidade de existir trabalho remoto. O que nos leva a uma questão: como então fazer com que o modo tradicional de trabalho, presencial, seja mais atractivo para o colaborador? Como podemos alcançar um maior equilíbrio no local de trabalho? Qual o impacto do digital na produtividade dos colaboradores?

 

Ler Mais