A falta de flexibilidade nesta profissão está a provocar saídas em massa numa região da Europa. O governo vai permitir que trabalhem mais em casa
De acordo com planos do governo Trabalhista para fazer face à crise de recrutamento nas escolas, os professores vão ser autorizados a trabalhar a partir de casa, noticia o The Telegraph.
Os docentes já têm períodos livres para corrigir testes, trabalhos de casa e planear as aulas, e Bridget Phillipson, secretária de Estado da Educação, quer facilitar-lhes o trabalho a partir de casa. Espera-se que ajude a conter a maré de mulheres que abandonam a profissão quando têm filhos. No ano lectivo de 2022/23, saíram cerca de 32 mil profissionais.
O plano permitirá que as professoras aproveitem os seus períodos livres em blocos no final ou no início do dia, permitindo-lhes trabalhar a partir de casa enquanto cuidam das crianças.
A iniciativa segue-se após um teste-piloto bem-sucedido na Dixons Academies Trust, que gere uma série de escolas no norte de Inglaterra e afirma estar a trabalhar no sentido de uma quinzena de nove dias para docentes.
Uma fonte governamental afirmou: «Este Governo está a levar a sério o recrutamento e a retenção de professores, e por isso estamos a fazer mudanças que incentivem os docentes a ficarem nas escolas.»
Trabalho flexível
No início deste ano, Luke Sparkes, director executivo da Dixons Academies Trust, afirmou: «As evidências mostram que o trabalho flexível pode atrair e reter mais professores, mas o sector da educação é considerado um pouco antiquado nas suas abordagens à flexibilidade.»
«Com os abandonos da profissão em massa, é necessária uma abordagem radical para garantir que retemos os melhores talentos», acrescenta.
No entanto, os críticos temem que o aumento do trabalho flexível leve a uma diminuição da produtividade e possa ser o início de um caminho perigoso, com os alunos a terem menos tempo presencial com os professores.
Embora o trabalho flexível deste tipo já estivesse tecnicamente disponível, muitas escolas interpretaram as regras de forma diferente. A secretária de Estado da Educação vai apresentar novas regras para garantir que os docentes podem trabalhar a partir de casa durante o tempo reservado ao planeamento das aulas e para a correcção de testes e trabalhos de casa.
Todos os anos, milhares de professores abandonam precocemente a profissão e o maior grupo é composto por mulheres na casa dos 30 anos, muitas vezes mães de crianças pequenas.
Vida familiar
Daniel Kebede, secretário-geral do Sindicato Nacional da Educação, realçou que tem havido «um grande aumento de mulheres na casa dos 30 anos que abandonam a profissão porque outras profissões são mais compatíveis com a vida familiar». «A falta de flexibilidade dos professores está a afastar especialmente as mães da profissão.»
O objectivo da Dixons Academies Trust de alcançar uma quinzena de nove dias para docentes, sem reduzir o tempo presencial com os alunos, seria alcançado através de gestão criativa e dinâmica de horários e tempo, diferentes abordagens para o agrupamento de alunos e maior tempo de planeamento, preparação e avaliação.
Luke Sparkes referiu que a Dixons Academies Trust estava a considerar disponibilizar aos docentes “dias pessoais” durante o período escolar e até mesmo feriados mais longos. Pretendem também utilizar a Inteligência Artificial para planear as aulas, na esperança de que, com o tempo, a IA possa «reformular os horários escolares para reduzir o tempo presencial dos professores e proporcionar maior flexibilidade».