A flexibilidade do local de trabalho é ainda um privilégio?

É possível afirmar, com segurança, que a pandemia abriu uma brecha no coração do ecossistema empresarial, causando “estragos” em muitas rotinas e em processos diários de trabalho que estavam, aparentemente, bem estabelecidos.

 

Por Olaf Lorenz, senior general manager Digital Transformation Division, Konica Minolta Business Solutions Europe

Caberá a cada um de nós decidir o que aprendemos no passado recente e como isso desafia a forma como cultivamos e ampliamos as relações profissionais e comerciais. Tal como na natureza, para os habitantes de um ecossistema empresarial, os eventos catastróficos apresentam oportunidades de crescimento que devem ser aproveitadas para moldar um ambiente de trabalho melhor.

Vai muito além de estabelecer acordos de home office mais flexíveis. É hora de abandonar algumas crenças antigas e abraçar o potencial do escritório do futuro digital e conectado.

Entendo que o maior desafio é conseguir incorporar totalmente a mudança cultural que foi iniciada pela pandemia. Para muitos, foi a experiência vivida durante a crise que mudou a sua atitude em relação ao trabalho. A flexibilidade de decidir trabalhar ou não remotamente em qualquer dia deveria ser já entendido como um dado adquirido e não como um privilégio. Porque não oferecer a possibilidade de se poder trabalhar onde seja melhor, com base no julgamento e experiência pessoal de cada um?

Não deveria ser mais importante dar o nosso máximo no trabalho, em vez de ou local e a hora em que o fazemos?
Pode ser no escritório, em casa, até no escritório de um cliente ou num café. Nesta medida, a presença no local de trabalho passa a estar associada a uma necessidade clara e é preciso repensar os nossos escritórios, para que atendam à nova função: um lugar que cada vez menos abriga as mesas de trabalho dos funcionários.

Pode parecer um paradoxo, mas o escritório vai tornar-se mais importante para a identificação com a empresa e seus valores, à medida que o contacto físico com os colaboradores se torne menos frequente. Todos serão bem-vindos quando for seguro lá estar – para colaborar com colegas, fazer trabalho criativo ou sessões de inovação. Ao flexibilizar as políticas e a cultura numa organização, é possível acomodar preferências pessoais, um movimento que terá de ser acompanhado pela disponibilização de todas as ferramentas e soluções digitais que permitem o work from anywhere ou o back to office.

A verdade é que já assistimos a uma mudança mental na forma como trabalhamos e entendemos o local de trabalho, com organizações a dar resposta às novas expectativas, a aproveitar para reter e atrair talento. Não devemos esquecer a escassez de mão de obra qualificada, especialmente na área de IT, ou a geração Z que procura o work life balance. Ambos os exemplos pedem uma nova maneira de trabalhar.

Não há como voltar às formas de trabalhar no período pré-pandemia. A maioria nem desejaria que tal acontecesse – aprendemos muito, em primeira-mão, sobre o que as novas práticas de trabalho digital podem oferecer. Com todos os desafios, vivemos a oportunidade de remodelar os ecossistemas empresariais para atender melhor às nossas necessidades.

Embora as soluções para o verdadeiro local de trabalho digital já estivessem disponíveis, foi a sua aplicação efectiva que deu início a uma profunda transformação digital em vários negócios. Não vai prevalecer apenas em tempo de pandemia, é um catalisador para uma maneira ainda melhor de trabalhar no futuro, que nos ajuda a enfrentar todos os desafios que temos pela frente.

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