A formação empresarial nunca mais regressará à “sala de aula”
Enquanto as faculdades e universidades tentam desesperadamente reabrir os campus, as empresas estão a planear rápida e discretamente nunca mais voltar às salas de aula presenciais.
Por Brandon Busteed, presidente da University Partners, chefe global de Inovação e Aprendizagem no Trabalho na Kaplan e colaborador da Forbes
Através de várias conversas com líderes de Aprendizagem e Recursos Humanos de empresas de todo o mundo, tornou-se bastante claro que a educação e a formação empresarial nunca mais regressarão à sala de aula presencial. Claro, haverá excepções em que a formação será necessária presencialmente (quando exige equipamentos físicos, laboratórios médicos, etc.), mas qualquer educação e formação que possa ser feita online, será feita online, sempre, a partir de agora. As razões para isto são simples: as empresas perceberam que podem fazê-lo mais rapidamente, de forma mais eficaz e menos dispendiosa online, e os seus colaboradores também o preferem.
A formação corporativa, tal como o ensino superior, estava certamente a caminhar para uma maior aprendizagem online, muito antes da interrupção da COVID-19. Mas a um ritmo mais lento. Nos últimos meses, é claro, não houve escolha; todos estão online.
Enquanto as faculdades e universidades tentam desesperadamente reabrir os campus, as empresas estão a planear rápida e discretamente nunca mais voltar às salas de aula. O dinheiro e o tempo gastos a reunir grupos de colaboradores para formações presencial são exorbitantes em comparação com as versões online de alta qualidade. As viagens aéreas, hotéis, salas de conferência abafadas e centros de convenções, responsabilidade pelo risco de eventos de formação em grupo e, honestamente, a má qualidade e os resultados pouco mensuráveis da formação presencial em empresas sempre foram motivo de queixa. Queixas que agora são muito mais intensificadas em comparação com a alternativa online.
Tal como empresas como o Twitter compreenderam que conseguem funcionar com 100% dos colaboradores a trabalhar a partir de casa, os líderes de formação empresarial estão a perceber que podem tornar a sua formação totalmente online. Os colaboradores podem fazê-lo quando o tempo o permite e de forma mais flexível a partir de casa.
Os cursos online mais sofisticados podem personalizar conteúdos para alunos individuais e acompanhar e avaliar os resultados da aprendizagem de formas que nem a melhor formação presencial alguma vez conseguiu fazer. E embora exista uma vasta gama de qualidade em várias ofertas online, os clientes astutos e os consumidores de formação online discernem rapidamente o bom do mau. Longe vão os dias dos cursos rápidos com slides a passar e o som desligado. Veremos uma explosão de opções online de topo em todos os sectores.
Por que faz sentido manter a formação online?
Para além de algumas diferenças entre a formação online e a presencial que a COVID-19 subitamente revelou, existe talvez a maior razão para a mudança online: a necessidade de escala e rapidez. Nada revela esta exigência com mais clareza do que o relatório do ano passado da IBM, que demonstrou que, segundo as empresas, são necessários 36 dias, em média, para requalificar ou melhorar as competências dos colaboradores – de apenas três dias, há apenas cinco anos! É uma mudança meteórica que torna subitamente obsoleta a formação presencial devido ao seu elevado custo e incapacidade de chegar rapidamente a milhares de colaboradores. Sim, a COVID-19 deu-nos razões para nos mudarmos para a internet. Mas a formação empresarial já estava nesse trajecto inevitável com base na velocidade a que as empresas se movem e nas exigências necessárias para manter os recursos humanos relevantes nos seus empregos actuais e prontos para novos desafios.
Não há dúvida de que alguns colaboradores irão ter saudades (e preferir) da formação presencial. Mas no mundo dos empregadores, o online é a nova realidade, porque é agora, subitamente, a única solução prática durante a COVID-19 e depois dela. Será também um sinal de aviso para escolas e universidades? A grande maioria dos jovens em idade de estudar (e os seus professores e pais) ainda desejam muito regressar às salas de aula e aos campus. Mas o consumidor de educação está a fragmentar-se rapidamente em muitos novos arquétipos. E estes incluirão jovens em idade de estudar que mudarão de bom grado para cursos totalmente online e híbridos em troca de preços mais baixos, realização mais rápida e a capacidade de trabalhar enquanto o fazem. Os estudantes terão simplesmente mais opções de escolha e decisões a tomar no que diz respeito às suas preferências por cursos presenciais versus online.
No mundo empresarial, no entanto, a decisão já foi tomada.