A globalização e as empresas portuguesas
Entre 2009 e 2011, mais de 15% das empresas em Portugal com 100 ou mais pessoas ao serviço deslocalizaram funções para o estrangeiro, mostra um estudo do Instituto Nacional de Estatística.
15,3% das empresas em Portugal com 100 ou mais pessoas ao serviço recorreram a Sourcing internacional – deslocalização de funções para outras empresas no estrangeiro – entre 2009 e 2011, revela o estudo “A globalização e as empresas portuguesas”, divulgado ontem pelo Instituto Nacional de Estatística. Na sua maioria, a deslocalização teve como destino países da União Europeia e dos PALOP. Entretanto, cerca de 12% das empresas referiram ter planos para realizarem Sourcing Internacional no período 2012-2015.
No período 2009-2011, e face a 2001-2006, o acréscimo na proporção de empresas que deslocalizaram pelo menos uma das suas funções de suporte foi 8,9 pontos percentuais em Portugal, revela o INE.
Em 2011, 9,1% das empresas com 100 ou mais pessoas ao serviço detinham filiais no estrangeiro, constituindo os PALOP, os países da UE15 e o Brasil os destinos preferenciais para a sua localização.
Segundo o Instituto, o sector industrial foi o que mais deslocalizou funções para outros países, com 18% das empresas da área a declararem tê-lo feito, 5 pontos percentuais acima do observado para o conjunto dos outros sectores de actividade (13,2%).
Revela ainda o INE que as funções administrativas e de Gestão e as TIC foram as mais deslocalizadas no triénio, com 35,2% e 30,2%, respectivamente. Para justificar o facto de as funções de I&D e Engenharia surgirem apenas na quinta posição, o INE relembra que «na primeira vaga do inquérito, estas funções foram as mais deslocalizadas no período 2001-2006 (por 25,9% das empresas)».
Os países da União Europeia e dos PALOP foram, de resto, referenciados como os destinos preferenciais para a deslocalização de funções no período 2012-2015, com os PALOP a adquirirem uma importância acrescida face à observada no período 2009-2011.
Pode consultar o relatório completo aqui.
Principais conclusões do INE:
«- Mais de 72% das empresas que realizaram Sourcing Internacional faziam parte de um grupo económico;
– 76,6%% das empresas realizaram Sourcing Internacional de funções de suporte;
– 69,6% das empresas realizaram Sourcing Internacional com parceiros localizados em países da UE15;
– PALOP no 22.º lugar da preferência das empresas para a deslocalização de funções de core business;
– Em 10 dos 15 países envolvidos neste estudo houve uma redução do emprego resultante do Sourcing Internacional;
– 2,3% das empresas com 100 ou mais pessoas ao serviço fizeram regressar a Portugal funções de negócio alvo de Sourcing Internacional antes de 2009;
– Para 25,9% das empresas, os custos superiores ao esperado foram a principal motivação para o retorno do Sourcing Internacional;
– Deslocalização para o estrangeiro de postos de trabalho de elevada qualificação identificado como o principal impacto do Sourcing Internacional no emprego no período 2012-2015.»