A “História repete-se” ou um novo conceito de liderança?

“A História repete-se” é uma das frases que, num mundo em transformação acelerada, não parece fazer muito sentido repeti-la. A verdade é que, por circunstâncias diversas, acabamos por a equacionar. Em confronto com a realidade, a nossa memória, seja por via da aprendizagem ou experiências vividas no passado acabamos por a considerar. Pandemias, fenómenos climáticos, catástrofes, convulsões sociais e exercício do poder levam-nos ao desiderato de que a História se repete.

Por António Saraiva, Business Development manager, ISQ Academy

 

O curioso é que a forma como a justificamos é diferente. E terá de o ser. A informação que temos ao dispor, os avanços científicos, a Inteligência Artificial, a consciencialização da sociedade e, até, os recursos financeiros, não fariam prever a incapacidade de enfrentar toda e qualquer adversidade.

Mas tal como no passado, existem pessoas. Globalmente muito mais preparadas? Em princípio, sim. Se ainda existem lacunas? Logicamente. Porquê? Simples, as oportunidades de acesso não são iguais. Mas não só. Principalmente porque, quer queiramos quer não, existem problemas de liderança. E no passado? Obviamente que também. Só que os impactos não eram tão globais e de forma tão acentuada do ponto de vista do respectivo conhecimento. E fenómenos locais e regionais confundiam-se com as respectivas fronteiras.

Daí que hoje se discuta os conceitos associados à liderança. E muito, curiosamente, em catalogar os estilos de liderança. Em particular, ao nível da intervenção. Mais autocrática ou menos. Mais, como se apelidava, de laisssez faire ou ser mais interventivo.

Perante uma catástrofe ou perante fenómenos de convulsão social, discute-se o timing da presença da liderança ou, mesmo, se ela deve ou não estar presente nos cenários adversos. E discutem-se estes critérios com paixão, de tal forma que se põe em causa a própria liderança, em alguns casos a sua demissão. O importante não é opinar. O fundamental é perceber-se o papel da liderança no mundo actual.

Talvez seja avisado reflectir-se sobre as lideranças nos dias de hoje. Como lá chegaram e que fenómenos as levaram ao cargo. Perceber-se muito detalhadamente porque algumas impactam negativamente e outras de forma positiva. Mais uma vez, o papel da História é determinante.

Falamos de líderes carismáticos, sejam políticos ou empresários. Verdadeiramente onde fizeram a diferença, para o mal e para o bem. O que influíram na sociedade e nas organizações. Que matriz de conhecimento deixaram ao longo da História, ou de que maneira a influenciaram. Provavelmente o dito carisma estava em todos eles. De que forma exerceram essa tal influência, ou geraram admiração de terceiros, uns porque causaram guerras com milhões de mortes e outros que colocam na paz uma forma de desenvolvimento. Uns porque são vincadamente respeitados e motivam colaboradores, outros vão tão longe que destroem a cultura de uma empresa.

Se existem fórmulas, processos e ferramentas que nos garantem o recrutamento e o desenvolvimento das lideranças, outros só aprendem no exercício da liderança, incluindo-se aqui aqueles que são nomeados ou que herdam um legado, sem a preparação prévia. Assim como aqueles que, por via dos processos eleitorais, conseguem chegar à liderança de instituições e, até, países.

Há muitas vezes aqui o ardil de, ou se manipular informação, ou de se oferecer o que as pessoas desejam ouvir. Curiosamente, há quem o entenda como verdadeiras características de liderança. Urge certamente repensar-se um novo conceito de liderança, positiva e salutarmente impactante, ou, então, entramos na lógica do “repuxo”, em que o exemplo que devia vir de cima, vem de… baixo! Tão simplesmente porque já não… acreditamos!

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