A IA e a tradução automática vão substituir a necessidade de aprender línguas?

Cerca de 60% dos professores de inglês discordam que a inteligência artificial (IA) e tradução automática acabem por tornar desnecessária a aprendizagem de línguas estrangeiras, segundo um estudo desenvolvido por especialistas em tecnologias da educação no British Council e o Instituto de Investigação em Inovação Digital em Aprendizagem (na ODUGlobal, sediado na Universidade Old Dominion, nos Estados Unidos).

 

Nas suas respostas, muitos inquiridos destacaram as facetas culturais, sociais e emocionais profundas das línguas e que o valor duradouro da interacção humana não pode ser substituído pela IA.

O estudo, que faz parte da investigação “Artificial intelligence in English language teaching: Preparing for the future”, recolhe respostas de 1348 professores de inglês de 118 países e regiões de todo o mundo sobre a utilização da IA no ensino da língua inglesa. Deste total, 1112 professores também expressaram a sua opinião sobre 13 declarações sobre este tema.

Tendo em conta a necessidade de continuar a aprender línguas apesar da difusão da IA, 70% dos professores de inglês concorda que os alunos devem ser capazes de escrever em inglês sem a ajuda destas ferramentas.

Relativamente ao papel dos professores no novo panorama da aprendizagem, 51% dos inquiridos expressa cepticismo em relação à capacidade de a IA ensinar inglês sem um professor em 2035 e destaca a importância dos educadores humanos.

O estudo mostra que 80% dos inquiridos também apontam para a necessidade de desenvolver IA para apoiar a aprendizagem de diferentes variedades de inglês em todo o mundo, de modo a facilitar a inclusão e o realismo na aprendizagem de línguas e reduzir os problemas de uniformização e eficiência que preocupam os professores.

A neutralidade expressa pelos professores numa grande maioria das declarações do estudo mostra, segundo os especialistas, a incerteza gerada pela emergência da IA no ensino da língua inglesa. Com efeito, apenas 20% sente que recebeu uma formação suficiente para usar a IA no ensino e 54% sente que recebeu uma formação inadequada. Uns significativos 27% mantêm-se neutros, indicando possíveis incertezas sobre as suas necessidades de formação em IA.

Além das opiniões dos professores consultados, o estudo incluído na investigação “Artificial intelligence in English language teaching: Preparing for the future” recolhe informação sobre os usos que os 1348 professores de inglês de 118 países e regiões dão à IA no seu trabalho no ensino da língua inglesa.

As ferramentas de IA mais usadas por professores são as aplicações de aprendizagem de línguas estrangeiras (48%), IA para geração de idioma (37%) e chatbots (31%). No entanto, uma parte significativa dos inquiridos (24%) declara não usar nenhum dos tipos de ferramentas de IA enumerados.

Em termos das utilizações mais abrangentes da IA no ensino da língua inglesa, 57% usa-a para criar materiais, seguido de ajudar os alunos a praticar o seu inglês (53%) e preparar as aulas (43%). No entanto, 18% dos inquiridos diz que não usam a IA para nenhum destes fins, que podem estar associados à falta de formação em IA e à incerteza em torno do seu impacto no presente e futuro do ensino da língua inglesa.

Ler Mais