A importância da employee centric culture e da liderança

Às prioridades identificadas pelos especialistas do Barómetro Human Resources – atracção e retenção, transformação digital e worklife balance/integration – Marta Pinto, directora de Recursos Humanos na Central de Cervejas acrescenta mais duas. Leia a sua análise aos resultados da XXIX edição do Barómetro Human Resources.

 

«Se inicialmente pensei fazer uma reflexão geral dos resultados, passados três dias de trabalho, em Berlim, com equipas multidisciplinares e multigeracionais, decidi centrar-me nas prioridades para a Gestão de Pessoas em 2020. Os resultados identificam: atracção e retenção, transformação digital e worklife balance/integration. Reconheço e concordo, e vão certamente estar nas agendas da área de Recursos Humanos, com diferentes ângulos e níveis de impacto, alinhando as prioridades do negócio. Mas acrescentaria duas: Employee Centric Culture e Liderança, por serem, na minha opinião, as âncoras dos três anteriores. A Employee Centric Culture, que tem de ser medida e materializada em processos de Recursos Humanos compactos e disruptivos, e ir ao encontro das necessidades dos colaboradores, vai ter o mesmo peso estratégico para o negócio que já tem a experiência dos clientes e consumidores. Se nos lembrarmos que já entrámos na era digital neutra em carbono – como viajamos, inovamos, produzimos, reciclamos, e trabalhamos –, percebemos que vai ser cada vez mais importante para os colaboradores e moldará a forma como alavancamos e reconfiguramos vários processos de Recursos Humanos. Os millennials e a geração Z querem propósito e “hipertransparência”, e tomam decisões – colaborar, ir, ficar, inovar, transformar – com base nesse propósito e valores individuais. Só consigo perspectivar transformação digital, e a forma como colaboramos e acrescentamos valor, se a liderança for o catalisador da mudança e adaptação aos novos modelos e gestão multigeracional no novo mundo do trabalho. A maioria das empresas já tem quatro gerações de colaboradores, e ter os dados, a analítica e as ferramentas certas na tomada de decisão não será suficiente sem a criação de conexões profundas com os colaboradores. Precisamos de líderes que demonstrem vulnerabilidade, adaptabilidade e coragem. Precisamos de pensar menos sobre a minha função e mais sobre a minha liderança e impacto no negócio. Precisamos de quebrar silos funcionais, precisamos de discussões mais profundas, significativas, mais aprender a aprender, e menos aprender a fazer. Por estes motivos, e não só, o papel da liderança é maior que nunca, e em 2020 continuará na agenda estrutural e estratégica do negócio. A hierarquia é um modelo do passado! A confiança é o “new gold”.»

 

Este testemunho foi publicado na edição de Fevereiro da Human Resources, no âmbito do XXIX edição do seu Barómetro.