Responsabilidade Social. A importância dos três C

Comunidade, colaboradores e ciências. São estes os três C com que a Crioestaminal está comprometida e que, ao longo dos seus 18 anos de actividade, tem trabalhado para desenvolver.

 

Por Sandra M. Pinto

 

Criada em Julho de 2003, a Crioestaminal surgiu da iniciativa de um grupo de estudantes e investigadores da Universidade de Coimbra, da área das células estaminais, com uma missão assente em três pilares: possibilitar o acesso a terapêuticas personalizadas baseadas em células estaminais; desenvolver projectos de investigação e desenvolvimento com vista a descobrir novas terapias celulares; e disponibilizar tecnologias avançadas de diagnóstico.

«A criopreservação de células estaminais do cordão umbilical é a única forma de assegurar que estas estão disponíveis, a qualquer momento, para poderem ser usadas no tratamento de dezenas de doenças», esclarece Alexandra Mendes, directora de Recursos Humanos da empresa que se dedica, «de forma contínua, à investigação e ao desenvolvimento na área das células estaminais, o que inclui a realização de parcerias com instituições de referência do sistema científico e tecnológico e o trabalho em rede, com parceiros no estrangeiro. Esta abordagem permite alargar a aplicação de células estaminais além das doenças actualmente tratadas», destaca.

Assim, o propósito da Crioestaminal não é difícil de definir: «É contribuir para o bem-estar e saúde da população.» Para o conseguir, contam com 80 colaboradores, 90% dos quais com formação superior em ciências de vida, estando a maioria deles alocada a áreas como o laboratório de criopreservação de células estaminais e os departamentos de contacto com as famílias que optam por guardar as células estaminais.

Nem durante a pandemia o compromisso com as famílias parou. Como todas as empresas, a Crioestaminal também se viu obrigada a adaptar o seu modelo de trabalho, sendo que a prioridade foi «minimizar, desde muito cedo, o risco de exposição à COVID-19», relembra a responsável. Isso fez com que 35% dos colaboradores tivessem ficado em teletrabalho, 25% em situação de assistência à família e 40% mantiveram-se em regime de trabalho nas instalações, sobretudo técnicos superiores de laboratório. «Recebemos e processamos amostras de sangue e tecido do cordão umbilical, colhidas no momento do parto, para que as células estaminais fiquem guardadas pelos próximos 25 anos. E nunca deixámos de o fazer, porque os partos continuaram a ocorrer naturalmente durante este período.»

Mas a estratégia para a Gestão de Pessoas teve inevitavelmente de ser alterada. Alexandra Mendes reconhece que muitas das iniciativas que visam o envolvimento e a motivação diária dos colaboradores não foram possíveis devido ao contexto de teletrabalho. Houve um esforço adicional para manter a equipa coesa, que passou pelo envio de uma newsletter semanal com todas as novidades que envolvem o universo Crioestaminal, tendo ainda sido reforçada a comunicação via email, considerando actualizações sobre projectos específicos e também a frequência das reuniões de equipa.

Mais: «Criámos uma sala de café virtual, mas não teve grande sucesso», admite Alexandra Mendes, contrastando com outro exemplo, a ginástica laboral virtual com horário definido, «que teve sempre adesão». Foi também promovida formação no âmbito da medicina do trabalho, para ajudar a superar os desafios trazidos pela pandemia.

Assegurando que os colaboradores estão na linha da frente das preocupações da organização e que, enquanto cliente interno, são um dos seus principais activos, Alexandra Mendes não tem dúvidas de que «activar o envolvimento das pessoas e garantir a sua satisfação permanentemente é fulcral. Só assim podemos contar com a máxima dedicação de todos em prol do cumprimento dos nossos objectivos.»

A priorização do colaborador no dia-a-dia da Crioestaminal materializa-se numa atenção constante ao seu bem-estar, gerindo-se as necessidades de forma personalizada, realidade que no último ano se tornou bastante evidente. Por outro lado, a formação contínua demonstra a aposta na consolidação das suas competências, «para que possam responder sempre, da melhor forma possível, às exigências do mercado».

 

Espírito de equipa e de comunidade
Também considerada como fundamental e prioritária é a promoção do espírito de equipa, a que chamam de CrioSpirit. «Assenta num estímulo interno de cultura e de envolvimento com a organização, pautando-se pela pró-actividade e entreajuda entre colegas de diferentes departamentos e pela melhoria dos processos e do funcionamento da organização», explica a responsável.

O CrioSpirit vai além do desempenho das funções formais, «é o empenho em contribuir para que a Crioestaminal seja um óptimo sítio para se trabalhar, e que, ao mesmo tempo, se mantenha envolvida com a comunidade e sempre com um sentido de responsabilidade no futuro», acrescenta, revelando que, trimestralmente, reconhecem com um prémio o colaborador que mais se destaca na vinculação destes valores.

Encarando os colaboradores como um dos seus maiores embaixadores, e fazendo questão de contribuir e se envolver com a comunidade – até porque a actividade que desenvolvem «visa criar soluções para as necessidades da comunidade como um todo» – são várias as iniciativas que promovem neste âmbito, tendo como principal foto «o apoio aos futuros pais na gravidez e na chegada de um bebé. Damos também uma atenção especial aos estudantes do secundário e universitário, promovendo visitas ao laboratório, recebendo estágios de Verão e participando em eventos organizados nas escolas e universidades», completa.

Um exemplo do apoio da Crioestaminal à comunidade é a campanha “Crio e Cuido”, através da qual pretende não só alertar para a importância de uma decisão informada quanto à criopreservação das células estaminais, mas também reforçar que a Crioestaminal está comprometida com o futuro das famílias, ajudando-as a criar e a cuidar dos seus filhos. «Hoje, colher as células estaminais é possível para todos», assegura Alexandra Mendes. «Existe a opção de guardar para utilização familiar ou doar para investigação, sem qualquer custo, de modo a contribuir para o desenvolvimento de novos medicamentos para doenças actualmente sem solução. A campanha vem reforçar o papel activo que a Crioestaminal assume, lado a lado com as famílias, na promoção do bem-estar e protecção dos mais pequenos», reitera.

 

O valor do C, de ciência
A ciência é outro pilar importante e incontornável para a Crioestaminal, que se assume como uma organização de referência quando se fala em medicina do futuro. «Desde a sua criação que a Crioestaminal assumiu um compromisso com a ciência, de modo a possibilitar novos tratamentos com células estaminais para doenças actualmente sem solução», salienta a responsável, revelando que já registaram quatro patentes internacionais. Com vários projectos de investigação e desenvolvimento em curso actualmente, destaca o medicamento produzido recentemente com células de tecido do cordão umbilical para o tratamento de doenças que geram o desequilíbrio do sistema imunitário.

Olhando para a comunidade científica, a Crioestaminal «tem vindo a dedicar-se ao desenvolvimento e disponibilização das mais avançadas tecnologias, de modo a promover a medicina preventiva e personalizada, com um investimento contínuo de 10% seu volume de negócio em investigação e desenvolvimento. Neste âmbito criámos um – concretiza –, Banco de Investigação com células estaminais doadas pelas famílias que não pretendem guardá-las para si, apoiando a investigação científica e o desenvolvimento de novas terapias para doenças actualmente sem tratamento eficaz, evitando assim o “desperdício” desta potencial opção terapêutica.»

O futuro é encarado com optimismo, mas Alexandra Mendes está consciente de que serão muitos os desafios. Identifica dois: «O desenvolvimento da área das terapias celulares, para a produção de novos medicamentos com células estaminais, e, como não podia deixar de ser, continuaremos a trabalhar para garantir a melhor amostra de células estaminais a todas as famílias que guardem as células estaminais do cordão umbilical na Crioestaminal ou que optem por doá-las para investigação.»

Quanto à política de Recursos Humanos, os grandes desafios passam pela atracção e retenção de talento, indo a Crioestaminal reforçar as suas estratégias neste âmbito, bem como pelo regresso da maioria dos colaboradores fisicamente às instalações da empresa, e reforço do CrioSpirit.

Sobre se a responsabilidade social vai continuar a ser uma prioridade na estratégia da empresa, Alexandra Mendes é peremptória: «Sim, até porque o futuro e a sustentabilidade dependem de todos nós, e as organizações têm um papel fundamental neste âmbito.»

 

Este artigo foi publicado na edição de Setembro (nº.129) da Human Resources.

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