A precisão suíça e o saber acolher português: O melhor dos dois mundos

A escassez de talento globalizada levou outra multinacional a apostar em Portugal. Lisboa foi a localização escolhida para o campus tecnológico da Swiss Post. Para os próximos dois anos, o objectivo é atingir 150 profissionais.

 

Por Tânia Reis

 

Com cerca de 47 mil trabalhadores na Suíça, a Swiss Post, fundada em 1849, opera nos mercados da comunicação, logística, retalho financeiro e transporte de passageiros, tendo sido considerada no ano passado, pela sexta vez consecutiva, o “melhor serviço postal do mundo” pela Universal Postal Union. A expansão continuada dos seus serviços digitais tem levado a uma aposta crescente no sector das Tecnologias de Informação (TI) e, ainda que ocupe uma posição privilegiada no mercado, «a Swiss Post também sofre com a crescente escassez de especialistas em TI, indicando as estimativas que, até 2028, a Suíça enfrentará um défice de cerca de 35 mil profissionais nesta área», faz notar Joana Matos, HR lead da multinacional.

Para contornar esse problema, e contrariando uma tradição migratória histórica, a empresa helvética decidiu instalar o seu campus de TI em Portugal. «Este passo abre o acesso ao mercado internacional de talentos e garante o acesso às capacidades de TI necessárias e urgentes no mercado europeu, especialmente nas áreas de Business Analysis, desenvolvimento de software, automation, análise de dados e cibersegurança», explica. A operação em Portugal teve início em Fevereiro de 2023, e pretendem contratar 60 especialistas até ao final do ano, atingindo os 150 colaboradores nos próximos dois anos.

Das várias localizações avaliadas, Lisboa foi a que melhor respondeu às exigências. «Por um lado, os profissionais de TI em Portugal têm uma vasta experiência, com provas dadas ao nível da qualidade do trabalho e da formação, e Lisboa tem feito uma forte aposta na captação de investimento tecnológico, o que se revelou um factor decisivo para a escolha final», conta. Por outro lado, realça que, além da proximidade geográfica e cultural com a Suíça, «os profissionais de TI em Portugal têm também grande facilidade de relacionamento intercultural».

Portugal e a Suíça são dois países europeus que enfrentam desafios semelhantes na Gestão de Pessoas. Consciente do perigo das generalizações, Joana Matos garante que «são mais os factores que nos aproximam do que os que nos afastam. Na cultura da Suíça, verifica-se uma preocupação natural com o planeamento e estabilidade, pontualidade, sendo fundamental o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. » Já a cultura organizacional em Portugal fomenta a «criação de relações interpessoais sólidas, com abertura à diversidade, resiliência e flexibilidade, propiciando espaço para a inovação e criatividade na procura de novas soluções».

Com uma estratégia de Recursos Humanos ajustada à realidade nacional, desde legislação, normas de trabalho e regulamentações específicas, foram tidos também em consideração «os benefícios e práticas de trabalho preferidos pelos colaboradores portugueses, como horários flexíveis, benefícios sociais, entre outros». No entanto, para a responsável, o mais importante é o facto de se terem adaptado às necessidades da área de TI, independentemente das nacionalidades. «Na Swiss Post, o foco está nas pessoas: identificar o melhor talento, propiciar estratégias de compensação justas, promover uma cultura de aprendizagem e criar condições para o crescimento e inovação.»

 

Intercâmbios de aprendizagens e suporte
Em Lisboa, contam actualmente com 35 profissionais, 31 dos quais especialistas de TI, com uma idade média de 35 anos, maioritariamente do género masculino (70%) e de quatro nacionalidades diferentes.

Por se tratar de duas entidades com contextos diferentes, Joana Matos assegura que têm tido espaço para dinamizar as suas próprias acções, como workshops interculturais, em parceria com a casa-mãe, que visam aproximar os colaboradores e promover a eficácia e harmonia na interacção entre equipas, através da empatia perante o outro.

Têm igualmente investido «em processos de onboarding estruturados e personalizados, em que a cada pessoa é nomeado um colega que se compromete a ajudar nas primeiras semanas». Essa jornada de integração «inclui uma viagem à Suíça para conhecer a Swiss Post e os colegas com quem os nossos especialistas irão trabalhar», partilha a HR lead. Apostam também numa cultura de proximidade e de feedback, para perceberem onde e como podem melhorar. «Com o evoluir do nosso crescimento, pretendemos manter esta cultura de proximidade, e que se torne parte do nosso ADN.»

No âmbito do cuidar dos colaboradores, Joana Matos defende que «o bem-estar deve ser vivido e sentido no dia-a-dia e nas práticas de trabalho», e tal passa por «ter projectos bem dimensionados e planeados ao longo das semanas, para que as pessoas não se sintam assoberbadas e não trabalhem para além do esperado». Assim, disponibilizam «trabalho híbrido e flexibilidade de horários, seguro de saúde para os colaboradores e o agregado familiar, seguro de vida, telemóvel, cheque-creche, subsídio de alimentação, orçamento para formação, subsídio de transporte», entre outros.

 

Leia o artigo na íntegra na edição de Julho (nº. 151) da Human Resources, nas bancas. 

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