A “Sociedade” nas Empresas!
Por Ricardo Florêncio
Os temas que levamos ao debate na próxima Conferência da Human Resources, marcada para dia 24 de Outubro, é “A Sociedade entra pelas empresas dentro. E os Elefantes, ficam na sala?”. É um tema muito actual, pertinente, mas como a expressão do título indica, tem sido evitado falar muito dele. Mais do que nunca, hoje assistimos a um transportar de todas as situações que vivemos, assistimos e convivemos diariamente, para dentro das empresas. São carregados para dentro das empresas os diversos problemas pessoais com que as pessoas se debatem: financeiros, familiares, de ansiedade, de frustração… É óbvio que várias situações têm origem nas próprias empresas, mas muitas delas são trazidas de fora para dentro. E estas situações têm um grande impacto nas organizações.
Sente-se que se vive um ambiente muito diferente. Não começou agora, mas está a aprofundar-se. Apesar de muita insistência por parte das empresas, as pessoas não querem voltar às organizações. Não obstante todo o investimento que as empresas fizeram nas suas instalações, nos seus escritórios, há uma grande relutância, e mesmo uma negação, por parte das pessoas em voltarem a estar mais tempo, fisicamente, nas empresas. Assim, qual pode (ou deve) ser a resposta das entidades empregadoras?
Por outro lado, será que os problemas estão nas exigências dos profissionais, ou na incapacidade das empresas para se adaptarem à mudança? E os profissionais, exigem, mas dão? Deixou de haver compromisso? Mas entregam resultados? Qual o impacto do teletrabalho na produtividade, na ligação à empresa, nas relações e no ambiente de trabalho? Há desinteresse pelo trabalho? As pessoas estão desmotivadas? Que papel pode representar a cultura e o propósito neste novo binómio sociedade/empresa?
E os modelos flexíveis estão de facto a trazer maior bem-estar? Portugal tem das taxas de ansiedade mais altas da Europa. Os profissionais estão mais desconectados, menos ligados, não só às empresas, mas também às pessoas? Têm demonstrado deterioração das competências relacionais? Ou, como Richard Davis afirmou numa das suas intervenções, “as pessoas estão a perder as competências cognitivas e sociais de que necessitam para uma vida pessoal e profissional próspera”?
Sim, temos vários elefantes na sala. Vamos tentar retirar alguns.
Editorial publicado na revista Human Resources nº 166, de Outubro de 2024