A sua empresa é uma “estrela do mar” ou uma “aranha”? Vai querer que seja a primeira

 

Por Hugo Lourenço, fundador do World Management Agility Forum e CEO da The Agile Thinkers

 

Tradicionalmente, encontramos empresas hierarquicamente distribuídas, repartidas por níveis de liderança e responsabilidades, departamentos compostos por profissionais dedicados a cada área. Contudo, muitas surgiram com a “vontade” de revolucionar o status quo e construir o seu próprio modelo. O que será que muda?

No que diz respeito a novos modelos de gestão é importante referir a distribuição do “poder” e capacidade de tomar decisões estratégicas. Conforme o livro “A Estrela do Mar e a Aranha”, de Brafman e Beckstrom, algumas empresas podem ser como aranhas: se lhes retiramos a cabeça elas morrem. No entanto, se removermos uma perna a uma estrela-do-mar, esta cresce novamente. Isto simboliza a capacidade, ou não, de uma empresa sobreviver sem uma pessoa ou equipa específica. Um conhecimento partilhado de competências e da missão da empresa permite minimizar o impacto de qualquer perda na sua estrutura.

Estas empresas “Estrela do Mar” surgem como resposta às alterações e ajustes impostos pelas constantes mudanças no mercado, tanto dos clientes como dos concorrentes. As que se assemelham à aranha poderão não sobreviver no cenário económico atual. Sem esta capacidade de se reinventarem e serem resilientes, a competitividade e variação do mercado seriam prejudicadas, com uma menor quantidade e qualidade de soluções providenciadas aos clientes.

A verdade é que a mudança é constante, sejam “Estrelas do Mar” ou “Aranhas”. A mudança tem de ser constante, mesmo que em doses homeopáticas.

As “Estrelas do Mar” focam-se em modelos de gestão diferentes. Um destes é o Emergente – que acompanha empresas como a Morning Star, Haier ou Buurtzorg – caracteriza-se por uma organização com liderança distribuída, apresentando um organigrama mais linear e menos hierárquico, mais resiliente e colaborativo, capaz de responder a mudanças de forma rápida, com maior flexibilidade e agilidade. Aqui, encontram-se as chamadas self-organizing teams com papéis e responsabilidade claras e bem definidas.

No caso da Morning Star observamos que nem todas as pessoas são capazes de trabalhar com elevados níveis de transparência e honestidade. Um colaborador, no seu caso de estudo, referiu a participação de toda a empresa no processo de contratação de novos profissionais: “só são contratados se todos estiverem em concordância.” Todos sabem o que está a acontecer, bem como concordam com tal.

A mudança não desaparece, acelera. Nos dias que correm, a adaptação é ainda mais crucial para a sobrevivência de uma empresa. Atualmente, grande parte dos consumidores no mercado são da Geração Z, caracterizada por uma atenção de curta duração. De acordo com a Dra. Delia McCabe, essa atenção é de cerca de 8.25 segundos, menos 4.25 segundos comparado ao ano 2000. Um estudo realizado pela mesma autora em 2016, demonstra que as pessoas têm em média apenas 40 segundos de tempo de trabalho sem interrupções (um email, telefonema, mudança de tarefas, etc).

Além de um mundo mais acelerado, temos um mundo mais populoso e global, o que implica a existência de uma economia aberta e um enorme volume de comércio internacional. Estas características determinam o dia a dia das empresas, independentemente do setor de negócio. Uma maior rapidez e agilidade não significa acertar “à primeira” nos desejos dos clientes, mas sim que as diversas tentativas em corresponder às suas necessidades constituem o caminho certo para a sua satisfação e, por sua vez, sucesso. No contexto atual, não ser ágil não é opção.

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