Adolescentes reconhecem que a sua saúde mental não é boa. Mas os pais acham o contrário

De acordo com um inquérito da Deco Proteste, ansiedade, alterações de humor e dificuldade em dormir são as maiores maleitas relatadas por, no mínimo, três em dez adolescentes. Mas os ataques de raiva e a depressão também fazem parte da lista. Outra conclusão do estudo é a consciência dos comportamentos dos jovens divergir face à dos pais. O alheamento destes quanto à dimensão de certos hábitos na imensidão do mundo global atravessa o inquérito.

 

Quando questionados, 65% dos adolescentes reconhecem sofrer, pelo menos, de um problema causado, parcialmente, pelos hábitos online. As diferenças de percepção entre pais e filhos marcam as respostas nesta área. Aliás, a saúde mental é um dos campos com maiores assimetrias. A generalidade dos progenitores considera que os adolescentes têm um estado físico e mental melhor do que o avaliado pelos próprios.

A ansiedade gera a maior cisão, 49% dos jovens identificam-se com este estado, mas só 17% dos pais o reconhecem. Seguem-se as mudanças de humor, 34% versus 18%. Globalmente, os pais atribuem 8,4, em 10, à saúde mental dos descendentes, mas estes ficam-se pelos 6,8 pontos. Na saúde física e na qualidade de vida, em geral, a diferença é menor. As raparigas aparentam viver piores condições, nas dimensões referidas, do que os rapazes. Praticar desporto sinaliza uma melhor saúde mental e física.

Telemóveis, a porta de horas a fio para o online único e intransmissível, através do smartphone, assim é o acesso à internet para a grande maioria dos adolescentes. Ainda assim, um em quatro não tem computador para qualquer actividade online e 11% nem possuem um dispositivo partilhado. Situações às quais não é alheia a conjuntura económica mais desfavorável do agregado familiar. No tempo que os jovens despendem mergulhados no mundo virtual, não existem grandes diferenças entre a visão dos pais e a dos filhos, de ambos os lados, estimam a mesma duração de segunda a sexta e aos fins-de-semana, em média, respectivamente, 2h47m e 3h40m.

As consequências repercutem-se na saúde mental. Os adolescentes que passam mais tempo nas redes sociais, sobretudo nas férias, reportam mais problemas de índole mental e física.

O estudo mostra ainda que a internet é a fachada conhecida para outros exercícios que não escolares. Embora haja uma margem de crédito da parte dos pais, a diferença é superior a 10% entre o tempo que pensam que os filhos consagram aos estudos e aquele que realmente passam a fazê-lo, 88% contra 75%, respectivamente.

O contacto com conteúdos online para adultos é igualmente estranho aos progenitores, se comparado ao admitido pelos jovens. O género caracteriza, de algum modo, o tipo de preferências. Se os rapazes usam a internet sobretudo para jogar em grupo, as raparigas preferem-na para fazer compras. Os jovens também visitam mais sites para adultos.

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