Amazon, Google, Spotify, Microsoft… (e a lista continua). A onda de despedimentos nas Big Tech não pára. Mas porquê?

Só no mês de Janeiro, os CEO de algumas gigantes tecnológicas anunciaram despedimentos de vários milhares de colaboradores. A Google vai cortar aproximadamente 12 mil empregos, a nível global e incluem alguns departamentos da empresa-mãe, Alphabet.

 

A justificação do CEO Sundar Pichai para estes cortes, que afectam cerca de 6% da força de trabalho da Alphabet, não diferiu muito da de Mark Zuckerberg quando anunciou as demissões na Meta, em Novembro: a Google contratou em excesso nos últimos dois anos, quando a pandemia originou um boom na indústria, porém a realidade económica já não é a mesma.

Também a empresa de streaming Spotify anunciou que vai eliminar cerca de 590 empregos, 6% da sua força de trabalho global, para reduzir custos. Em carta aos colaboradores publicada no site da empresa, o CEO Daniel Ek assumiu total responsabilidade pelos despedimentos, que chamou de «difíceis, mas necessários», reconhecendo que, perante a desaceleração económica e cortes na publicidade, foi «ambicioso demais ao investir antes do crescimento da receita».

Segundo dados oficiais, em 2022 a empresa sueca empregava cerca de 9,8 mil colaboradores em todo o mundo, ano em que as despesas operacionais aumentaram duas vezes mais do que as receitas, revelou o CEO.

Se a estes juntarmos os 10 mil colaboradores que a Microsoft demitiu também este mês, as 300 funções que a WeWork eliminou globalmente e os 18 mil cortes anunciados pela Amazon no início de Janeiro, os números atingem totais alarmantes.

De acordo com dados do site Layoffs.fyi, as demissões anunciadas por alguns dos maiores players do sector desde Novembro de 2022 até agora, contabilizam:

  • Amazon: 18 mil
  • Alphabet/Google: 12 mil
  • Meta: 11 mil
  • Microsoft: 10 mil
  • Salesforce: 8 mil
  • Cisco: 4 100
  • Twitter: 3 700
  • Salesforce: 1 000
  • Spotify: 590
  • WeWork: 300

Segundo apurou a CNN, no espaço de três meses foram eliminados mais de 62 mil postos de trabalho no sector da tecnologia. Se fizermos os cálculos relativamente a 2022, o número dispara para os 150 mil, de acordo com o site Layoffs.fyi, representando um aumento de 649% em relação ao volume de demissões do sector em 2021.

O sector tecnológico experienciou um cenário favorável nos últimos anos, principalmente durante a pandemia, por conta do isolamento social e com a transição de muitas empresas para o mundo digital. As grandes empresas aproveitaram o momento e enveredaram por contratações em larga escala, para responder à crescente demanda na “nova realidade” online.

Contudo, o cenário pós-pandémico é outro. A guerra na Ucrânia provocou um aumento generalizado nos preços, a inflação disparou e os bancos centrais aumentaram as taxas de juros. Todos estes factores tiveram impacto na maioria dos sectores e o da tecnologia não é excepção.

As previsões de desaceleração económica e um eventual cenário de recessão reflecte-se nas empresas e nas quebras de receitas, principalmente com um acentuado desinvestimento em publicidade.

O facto de estas Big Tech terem sede nos Estados Unidos também pesa, já que são grandes as probabilidades de a economia norte-americana não escapar à recessão este ano. Caso isso aconteça, um cenário complexo atingirá todas as empresas (e não só as de tecnologia).

Outro factor a ter em conta é o desenvolvimento da inteligência artificial e o seu uso crescente nas empresas do sector. Especialistas indicam que é provável que parte destes movimentos na força laboral — principalmente na Microsoft e Google — sejam também impulsionados por uma substituição da força de trabalho humano por algoritmos de grande eficiência.

No caso das Big Tech, tudo indica que os próximos tempos sejam de redução de custos para manter a rentabilidade e a saúde financeira.

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