Ana Duarte e Cláudia Silva, SWitCH Dev. Da nutrição e ambiente à programação: A coragem de mudar de vida

Em Maio do ano passado, duas profissionais decidiram dar uma volta de 180º ao seu percurso e candidataram-se à pós-graduação SWitCH Dev, um curso de requalificação profissional para quem pretende mudar de vida e ingressar em funções na área tecnológica, criado pela Porto Tech Hub, em parceria com o Instituto Superior de Engenharia do Porto.

Por Tânia Reis

 

Por ocasião do Dia Nacional do Estudante, que se celebrou na passada sexta-feira, 24 de Março, a Human Resources Portugal conversou com Ana Duarte, de 26 anos,  que estava na área das Ciências da Nutrição, e Cláudia Silva, de 32 anos, com background em Saúde Ambiental. De forma a ingressarem no sector tecnológico, ambas voltaram a estudar e, desta vez, aprender algo da estaca zero: programação.

 

Que motivos levaram a esta mudança de vida profissional?

Ana Duarte (AD): Decidi mudar de profissão por diversos motivos. Não me sentia realizada na minha profissão anterior e queria explorar outras opções. Além disso, queria trabalhar numa área com diversas oportunidades e onde o crescimento e evolução fossem possíveis.

Cláudia Silva (CS): Foram vários os motivos que me levaram a esta mudança. Como muitos portugueses tirei licenciatura na área da Saúde, mas por falta de oportunidades acabei por trabalhar na área das tecnologias como formadora. No entanto, senti que a minha carreira não me estava a proporcionar a realização pessoal e profissional que procurava.

 

Por que escolheram a área da programação?

AD: Escolhi a programação porque acredito ser uma área com muito potencial de crescimento e desenvolvimento profissional. Sempre tive interesse pela maneira como a tecnologia pode resolver problemas de maneira criativa e inovadora. Com a programação, posso ser uma criadora de soluções e desempenhar um papel importante na construção de soluções que melhoram a vida das pessoas.

CS: Sempre tive uma inclinação natural para a tecnologia e a informática. Para além disso, a programação é uma área em constante crescimento e uma skill altamente valorizada no mercado de trabalho, com uma grande oferta para profissionais. Todos os programadores com quem falei falaram sempre muito bem da área.

 

Como foi voltar a assumir o papel de estudante?
AD: Voltar a ser estudante foi desafiante, mas também positivo. Tive de me adaptar a um novo ambiente de aprendizagem e desenvolver novas capacidades. Vejo o regresso a este papel como uma etapa necessária para adquirir as bases sólidas de que necessito para ser bem-sucedida nesta mudança de profissão.

CS: Voltar a assumir o papel de estudante foi uma experiência desafiante, mas ao mesmo tempo muito enriquecedora. Tive de me adaptar a uma nova rotina de estudos e dedicar-me bastante para acompanhar o ritmo do curso. No entanto, também já fui trabalhadora-estudante, portanto poder dedicar-me totalmente aos estudos, neste momento, tem sido uma mais-valia.

 

Como está a correr a experiência? Que principais desafios destacam?
AD: Apesar de desafiante, considero que a experiência está a ser muito gratificante. Destaco o desafio de me adaptar a um novo tipo de aprendizagem e absorver novos conhecimentos a um ritmo acelerado. No entanto, é uma experiência recompensadora. Cada vez mais se torna evidente que a mudança foi a escolha acertada.

CS: A experiência está a ser muito positiva até agora. Tenho aprendido muito e sinto-me motivada a continuar a desenvolver as minhas capacidades na área da programação. Os principais desafios têm sido lidar com a quantidade de informações e conceitos novos, além de me adaptar a uma nova realidade.

 

Que expectativas têm para o futuro no curto/médio prazo?

AD: Os meus objectivos de momento são aproveitar esta fase de estudante para ter as bases sólidas que me irão permitir dar início a esta nova profissão e construir a minha carreira. Espero vir a aplicar os meus conhecimentos em projectos reais e, eventualmente, conseguir um emprego na área. Acredito que este será um ponto de partida, que em conjunto com uma aprendizagem contínua, me permitirá crescer e progredir nesta área.

CS: Consolidar o que aprendi e continuar a desenvolver as aptidões adquiridas durante o curso. Espero que a oportunidade de estágio após término do curso me permita colocar em prática o que tenho vindo a aprender e a ganhar experiência profissional. A médio prazo, espero estar a trabalhar e ter alcançado um bom nível de proficiência em programação.

 

Como vêem o mercado de trabalho actualmente?

AD: Considero o mercado de trabalho como sendo bastante promissor para as áreas da tecnologia, especialmente na de programação. Vejo que existe uma procura elevada por profissionais da área e que existem diversas oportunidades.

CS: Vejo o mercado de trabalho actual como bastante competitivo e em constante mudança. A tecnologia está a avançar rapidamente e as empresas estão sempre à procura de profissionais qualificados e actualizados. Por outro lado, também vejo que procuram profissionais com um skill-set variado, como por exemplo, soft-skills para comunicar com clientes e colegas.

 

Que factores mais valorizam numa empresa?

AD: Alguns dos factores que valorizo numa empresa passam pela cultura de trabalho positiva, com valores e objectivos alinhados com os dos trabalhadores, a existência de oportunidades de aprendizagem e de crescimento profissional, uma remuneração justa, benefícios atractivos, e ainda o equilíbrio entre vida profissional e pessoal.

CS: Os factores que mais valorizo numa empresa são a cultura organizacional, a oportunidade de aprendizagem e formação contínua, a qualidade do ambiente de trabalho e a possibilidade de contribuir para projetos interessantes e desafiantes. Considero também importante a transparência e a ética da empresa.

 

Que conselho deixariam a outras pessoas que estejam a ponderar mudar de área/carreira?

AD: O meu conselho para outras pessoas que estão a ponderar fazer esta mudança, é que não será um processo fácil, vai ser uma mudança exigente e desafiante, especialmente no início, mas devem manter uma mentalidade positiva e confiante de que são capazes de superar as fases menos boas e manter o foco naquilo que é o objectivo final.

CS: O meu conselho para quem está a pensar mudar de carreira será para serem proactivos na busca por informações e oportunidades. Pesquisem sobre a área pela qual têm interesse, conversem com profissionais dessa área, procurem cursos e estejam dispostos a aprender e a adaptarem-se a um novo ambiente.

Se não tiverem a certeza existem inúmeros cursos gratuitos por onde começar, para saberem se realmente gostam da área pretendida. Por fim, a transição não é fácil, portanto é importante ter perseverança e confiança em si mesmo, mesmo diante dos desafios que possam surgir durante essa jornada.

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