Analisar as Tendências de Mercado, ser Vigilante em Gestão de Pessoas!

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

Tendência. Do latim tendens, é um vocábulo que ganha força no seu uso desde o século XVII nos Sermões do Padre António Vieira (1608-1697), em que partindo-se de um clima de julgamento retrospetivo do passado, se faz uma leitura à luz de um presumível código ético do presente. Ou seja, esta própria uma tendência funesta do anacronismo pseudo-moralista.
Mas tudo isto porque o vocábulo tendência ganha expressão. Partindo de uma análise profunda e de imersão clara na nossa experiência, não num clima de julgamento, mas numa disposição clara e natural em direção ao futuro, traçando-se linhas orientadores, planeando-se e investindo. O mundo que nos rodeia, independentemente das suas debilidades e convulsões, reinventa-se, evolui. Todos estamos conscientes da necessidade de avanço tecnológico, mas em simultâneo de integrarmos saúde e bem estar, bem como protegermos o meio ambiente. Não na tal lógica pseudo-moralista! Ou mesmo porque é moda. Mas por Valores éticos e morais que se apresentem como referenciais da vida em Sociedade.
Se está tudo sempre colocado à prova? Sem dúvida que sim. Por ditames autocráticos e populistas e por jogos de interesses, claro que existem. Mas como escreveu António Gedeão, o “mundo pula e avança…”. Como atualmente se diz uma “nova ordem mundial está em curso”! Mas deixemos isto para uma reflexão geo-política. A questão é que a Transformação Digital está acelerada, com todos os seus impactos. Mas outras tendências se perfilam, ou antes existências?
Com a pandemia o trabalho remoto e híbrido ganhou o seu espaço, da mesma forma o ecommerce. Logicamente, a Cibersegurança passa a ser uma temática crucial. Da mesma forma, os fenómenos climáticos impelem a que a Sustentabilidade se encontre cada vez mais na ordem do dia. E perante toda a mudança, pela interoperabilidade das várias tendências, uma outra ganha particular ênfase: a aquisição e retenção de talento, em diversas cambiantes. E como que fechando o ciclo, porque é importante uma Economia robusta, os consumidores esperam experiências de compra personalizadas e refletidas. No fundo um Client Experience que corresponda às suas expetativas.
Na verdade, a importância de se analisarem tendências, seja do ponto de vista de mercado, seja mesmo de uma visão social e, quiçá, pessoal, é cada vez mais fundamental. Permite prioritariamente que se analisem indicadores de impacto nas diversas cadeias de valor, mas mais que tudo nas Pessoas. Só a previsão de novas e diferentes profissões, a reconfiguração de competências, a mitigação de riscos ao nível social e sanitário, em particular do ponto de vista mental, são temas emergentes e que de imediato há que colocar na agenda da Gestão de Pessoas.
Sem desprimor algum, antes pelo contrário, do que possa ser a tendência de moda do próximo outono-inverno, estamos a falar de uma importância vital de tendências que estão a agitar a vida de toda e qualquer organização, de toda e qualquer sociedade, em que o centro nevrálgico é a vida das Pessoas. Como afirmou o Padre António Vieira há mais de quatrocentos anos, “enquanto se está vivo, é preciso estar constantemente vigilante”.