Ano Novo, melhor qualidade de vida

Com o início de um novo ano, aparecem os tradicionais objectivos e desejos. Para 2024, o meu principal desejo é que todos tenhamos uma vida melhor e, aqui, os municípios terão um papel fundamental.

Por Miguel Pereira Lopes, professor universitário e presidente da AG do INTEC

 

Justamente a respeito disso, foi recentemente apresentado, pela Comissão Europeia, o Relatório de 2023 sobre a Qualidade de Vida nas Cidades Europeias, tendo sido inquiridas pessoas de mais de 83 cidades. Em Portugal, foram inquiridos munícipes de Lisboa e Braga. Em geral, o resultado da satisfação dos cidadãos com a sua qualidade de vida piorou um pouco em comparação com os resultados de 2019, mas mantendo-se, ainda assim, em níveis muito positivos. Os bracarenses também se mostraram, em geral, mais satisfeitos com as diferentes facetas da qualidade de vida do que os lisboetas.

A satisfação com os transportes públicos e com os serviços de saúde foi a mais baixa, em geral, com apenas 58% e 57% dos lisboetas bastante ou muito satisfeitos com, respectivamente, os transportes públicos e os serviços de saúde disponíveis. Apesar disso, 72% dos lisboetas e 75% dos bracarenses consideraram ter uma boa ou muito boa saúde. Já a satisfação com os equipamentos desportivos e culturais, bem como com os espaços verdes e outros espaços públicos, como praças e mercados, situou-se bem mais próxima dos 70%, superando essa marca no caso destes últimos.

É em aspectos ambientais que as diferenças entre Lisboa e Braga são mais visíveis. Com efeito, quer a qualidade do ar, quer o nível de ruído foram bastante mal avaliados pelos lisboetas com aprovação em torno dos 50%, sendo que, no que se refere à limpeza das ruas, mais de metade dos lisboetas (52%) se mostraram bastante ou muito insatisfeitos. Em Braga, pelo contrário, estes factores foram mais positivamente avaliados, com opiniões positivas na ordem dos 70/75%.

A segurança e a educação são dois aspectos que sobressaem pela positiva na avaliação que estes concidadãos fazem da sua qualidade de vida. Quase 79% dos lisboetas e 85% dos bracarenses sentem-se seguros a caminhar à noite no bairro onde moram e 73% dos lisboetas encontram-se bastante ou muito satisfeitos com as escolas e equipamentos educativos na sua cidade. Pelo contrário, e como era expectável, é no domínio da habitação que a qualidade de vida é mais afectada negativamente, com apenas 15% dos lisboetas e 47% dos bracarenses a afirmarem que é fácil ou muito fácil encontrar uma casa a preços razoáveis.

Por fim, no que respeita ao emprego e situação profissional, os resultados são razoáveis, mas não muito animadores. Apenas 60% dos lisboetas e 57% dos bracarenses estão satisfeitos com a sua situação profissional e, em ambas as cidades, cerca de 66% concordam que é fácil encontrar um bom emprego. Ainda assim, no geral, 89% dos lisboetas e 94% dos bracarenses encontram-se bastante ou muito satisfeitos com a vida na sua cidade.

Este estudo da Comissão Europeia é da maior relevância para monitorizar os níveis de qualidade de vida dos cidadãos e guiar novas políticas públicas e acções para melhorar a vida das pessoas. Em Portugal, este tipo de estudos ainda está muito no início, mas, aos poucos, a qualidade de vida tem sido cada vez mais discutida e tida em conta, nomeadamente através de iniciativas como a Rede de Municípios para a Qualidade de Vida, que junta já mais de uma dezena de municípios que encetam este desígnio. Esta Rede de Municípios proporciona, assim, a qualquer município ou cidade portuguesa, a possibilidade de realizar uma análise similar à realizada pela Comissão Europeia nestas 83 cidades, e ajudar os portugueses a terem em 2024 aquilo que mais desejam: uma vida melhor e com mais qualidade.

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