As empresas estão preparadas para responder a fenómenos como o “Quiet quitting” ou “Great resignation”? Seis em cada 10 dos directores de RH acha que não

Cerca de 57% dos directores de Recursos Humanos inquiridos no Barómetro RH 2023, realizado pelo Kaizen Institute em parceria com a Hays Portugal, considera que a sua empresa não está preparada para dar resposta a fenómenos como “Quiet quitting”, “Loud quitting” e “Great resignation”.

 

O Barómetro RH 2023, revela que 35% dos responsáveis de Recursos Humanos inquiridos defende a importância do governo e das instituições públicas procederem ao lançamento de programas de financiamento que permitam oferecer melhores condições salariais aos jovens.

O mesmo barómetro mostra que a imprevisibilidade do mercado parece não ter tido impacto ao nível da motivação dos colaboradores das empresas inquiridas, que permanece com 14 pontos (escala de 0-20), à semelhança do que se observou na última edição. Por outro lado, apesar da rápida evolução da tecnologia, da geração dos novos modelos de trabalho e das disrupções causadas pela pandemia, mais de metade dos inquiridos (54%) afirma que continua a ter um modelo de trabalho totalmente presencial implementado nas suas empresas.

De acordo com 80% dos inquiridos, a retenção e a captação de talento continuam a ser os eixos que mais preocupam os líderes deste sector, ao aumentar a taxa de turnover e afectando negativamente a produtividade das equipas. Para contornar esta questão, garantir um bom ambiente laboral (18%), aumentar o salário (17%) e proporcionar uma cultura empresarial robusta (16%) são as principais medidas que estão a ser implementadas nas organizações de acordo com os directores de Recursos Humanos.

Apesar de a implementação das políticas de ESG serem vistas como um factor de criação de valor e ser cada vez mais importante integrá-las na estratégia corporativa, apenas 14% dos inquiridos tem como prioridade o lançamento e consolidação de iniciativas ESG. Ainda assim, no âmbito do eixo social do ESG, 48% dos directores de Recursos Humanos admite que implementar práticas de trabalho justas e responsáveis, incluindo condições de trabalho saudáveis e seguras, remuneração justa, direitos do trabalhador e equidade de género, será uma das principais prioridades.

No que diz respeito ao processo de recrutamento, a abordagem skills-first – que se destaca por enfatizar as competências e capacidades de cada pessoa, colocando em segundo plano a sua experiência ou formação académica – parece estar a tornar-se numa tendência importante e 53% dos inquiridos afirma já estar familiarizado com esta abordagem e já considera esta componente no processo de recrutamento.

Neste contexto, garantir um processo de onboarding eficaz é uma ferramenta essencial para o sucesso organizacional. Para auxiliar este processo, 41% dos inquiridos apostou na criação de um programa de acolhimento personalizado para tornar a integração mais eficiente.

Por outro lado, 25% afirma que designar mentor para fazer o acompanhamento inicial é outra das estratégias mais usadas. A flexibilidade laboral, as formas híbridas de trabalho e a conciliação entre a vida profissional e a pessoal conquistou maior relevância no decorrer dos últimos anos. Nesse sentido, múltiplos benefícios têm sido apontados relativamente à adopção da semana de trabalho de quatro dias.

Contudo, 77% dos inquiridos afirma que não vai implementar a semana reduzida de trabalho, 19% afirma ainda não estar a implementar esta medida embora esteja a equacionar a possibilidade e 2% confirma estar a testar a implementação deste modelo.

No âmbito dos aumentos salariais, 47% dos inquiridos afirma que se procederam a aumentos entre os 2,5% e os 5% em 2023, enquanto apenas 12% fez aumentos acima dos 7,5%.

Noutro campo, a digitalização continua a assumir um papel de destaque, pois ao colocar a tecnologia ao serviço da transformação de processos de Recursos Humanos, é possível simplificar, melhorar o trabalho das equipas e eliminar as barreiras de comunicação. 31% dos directores de Recursos Humanos afirma que está a trabalhar na simplificação e automatização de processos de trabalho e tarefas administrativas e 19% aposta no recurso a estas ferramentas para auxiliar o processo de análise de dados.

Neste sentido, a digitalização não só abre portas para a prestação de serviços mais ágeis, completos, globais e inteligentes, como também permite o upskilling dos colaboradores. A tecnologia e as redes sociais têm um papel cada vez mais preponderante na agilização do processo de recrutamento, uma vez que oferecem ferramentas e recursos que permitem que as empresas encontrem e atraiam talentos qualificados de forma mais rápida e eficiente.

Assim, 38% das empresas admitem estar a fazer cada vez mais uso das redes sociais para ter maior alcance nos recrutamentos e 30% afirma estar a recorrer a empresas de recrutamento especializado para assegurar maior rapidez no processo. Os inquiridos não deixaram de opinar acerca do contexto actual de emprego e 28% afirma que na sua empresa já estão a aplicar medidas para aumentar de forma agregada o recrutamento jovem (ex: através de protocolos de estágio com as universidades).

Já 45% considera que é importante que o governo e as instituições públicas procedam ao lançamento de programas de financiamento que permitam oferecer melhores condições salariais aos jovens.

O Barómetro RH 2023 inquiriu cerca de 150 directores de Recursos Humanos de grandes e médias empresas nacionais, com o objectivo de avaliar a resposta das organizações às principais tendências e desafios actualmente verificados na Gestão das Pessoas, bem como o grau de motivação e produtividade dos colaboradores.

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