As tendências de Gestão de Pessoas em 2025… Espera, são as mesmas!?
Por Joana Pita Negrão, People & Culture director da Dils Portugal
Perguntei ao ChatGPT quais seriam as tendências de RH no próximo ano e a resposta não me surpreendeu. De todos os pontos indicados, a maioria tem vindo a ser falada nos últimos tempos.
Para começar, a Inteligência Artificial e como irá alterar a forma como todos nós trabalhamos. A automação para eliminar tarefas mais rotineiras e que não acrescentam valor; processos de recrutamento automatizados, mais eficazes e sem enviesamentos; ferramentas preditivas; realidade virtual (ie. formação imersiva ou experiências virtuais de onboarding). Embora apenas 34% dos líderes de RH afirmem que os seus colaboradores investem tempo suficiente em explorar tecnologia emergente para aumentar a produtividade, segundo dados partilhados na conferência da Gartner “Reimagine RH”, esta é uma realidade incontornável nas nossas vidas. E não está para chegar, já chegou.
A atracção e a retenção de talento constituem uma outra tendência que tem vindo a ser recorrente. Não é fácil recrutar profissionais competentes e comprometidos nos dias de hoje, e retê-los então parece quase um milagre. Muitas ideias têm surgido à volta deste tema, mas o que é facto é que tem sido uma tendência evidente, principalmente nos últimos anos. Altamente relacionada com esta tendência, a liderança é sempre uma prioridade actual, transversal e de relevância extrema. Desenvolver líderes capazes, que saibam navegar em ambientes altamente complexos, gerir eficazmente a mudança e alinhar as equipas com os objectivos estratégicos da organização tem sido uma aposta permanente.
Upskilling e reskilling: quem nunca ouviu falar destes estrangeirismos? É realmente necessário apostar numa cultura de aprendizagem e em formação contínua, dando ênfase a competências tecnológicas (mas não só), sob pena de perdermos a relevância e a competitividade a longo prazo. A agilidade da força de trabalho, com novos modelos (ie. híbrido ou 100% remoto), e a diversidade, inclusão e equidade são outros chavões actuais, que nos toca a todos, e que muito têm vindo a ser falados (e trabalhados) no nosso meio empresarial. Certamente, vão manter-se como tendência em 2025.
Segundo o estudo da Gartner “Top 5 Priorities for HR Leaders in 2025”, a cultura organizacional continuará a ser uma das prioridades para o próximo ano. Os dados indicam que apenas um em cada quatro colaboradores afirma compreender os valores que orientam a cultura, conhecem os comportamentos que precisam de demonstrar para a viver e os processos que regem o seu trabalho para a suportar. Reconhecendo a sua relevância (já dizia Peter Drucker “culture eats strategy for breakfast”), o tema é quente, actual e prioritário.
Face a estas tendências que se revelam “repetitivas” e muitas vezes cíclicas, arrisco a acrescentar outra que me parece ser basilar para quem trabalha o tema de Gestão de Pessoas, principalmente, num presente e futuro próximo que é tão tecnológico. A experiência do colaborador (employee experience) agrega todos os outros pontos e, se o foco não estiver aqui, estes acabam por perder protagonismo. Então vejamos: ao priorizar uma abordagem personalizada ao meu colaborador, desde a fase de recrutamento à sua entrevista de saída, estarei a influenciar directamente não só a retenção, produtividade e “engagement”, mas também a moldar a minha capacidade de atrair talentos num mercado cada vez mais competitivo. O foco na experiência do colaborador cria um ciclo virtuoso: colaboradores satisfeitos entregam melhores resultados, valorizando a reputação da empresa, o que por sua vez, atrai mais talentos (e clientes). Num mundo em que o capital humano é o maior activo das organizações, na minha opinião, esta tendência torna-se essencial para 2025.