Autenticidade no local de trabalho: organizações mais produtivas, pessoas mais motivadas!

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

Estudos recentes revelam que existe ainda dificuldade de as pessoas não conseguirem ser elas próprias no trabalho. Não falamos da maioria, mas qualquer percentagem que se apresente é motivo de preocupação, principalmente quando este indicador é próximo de um terço. Falamos de comportamentos adaptativos ou mesmo exigência de dupla personalidade? Se o primeiro se pode justificar pela inerência específica das actividades, o segundo poderá existir pela pressão exercida de representação de sobrevivência na organização.

Mas ultrapassemos percepções ou juízos de valor. Escamotear um indicador desta natureza não é a melhor solução. Mas a verdade é que, no fundo, até se vive bem com ele. Sobretudo, porque é um indicador silencioso. A verdade é que só verdadeiramente o começamos a perceber quando disparam os indicadores relativos à Saúde Mental. Sermos diferentes de nós próprios, exige um esforço quotidiano, de tal forma impactante, que, mais cedo ou mais tarde, as distorções comportamentais revelam uma exaustão que o próprio acaba por não poder controlar. Mas não é só um problema da pessoa em si mesma, tem um reflexo nefasto na própria organização.

Como não é fácil a respectiva detecção, o melhor é actuar na prevenção. A Gestão de Pessoas tem aqui um papel fundamental. Em particular, gerar as condições que evitem comportamentos adaptativos violentos. Existem formas de diagnóstico que permitem inclusivamente medir a taxa de esforço dessa adaptação, mas não é suficiente ficarmos por um número se não fizermos nada com ele. Sem dúvida que se fala muito de upskilling e reskilling até à exaustão, tendo em conta, por exemplo, a actual transformação digital em curso. E é muito neste contexto que há que actuar. Conseguirmos ter as pessoas mais capacitadas para os desafios actuais, minimiza o facto de as pessoas serem diferentes do que são. Se tivermos mais ferramentas, não teremos tanta necessidade de sermos diferentes.

Mas nem tudo passa pela capacitação técnica e tecnológica. Há todas as questões relativas a um trabalho exaustivo sobre a humanização. Há que anular a incerteza e o desconforto no local de trabalho. É um desafio acrescido numa conjuntura já de si incerta. Há um papel fulcral das lideranças, em que o seu papel de proximidade às pessoas é mais do que nunca exigido. Mas também estimulando autonomia e participação ativa na vida da organização.

Uma organização com pessoas mais autênticas, é uma organização mais robusta, com níveis de risco mais controlados. Incentivar que cada um seja ele próprio, permitir que as suas fraquezas sejam expostas como ser humano que é, sem receio de repercussões negativas, é um caminho para que as mesmas sejam reconfiguradas e se transformem em oportunidades de desenvolvimento. Cada pessoa evolui a partir de uma realidade, e não num processo de esconde-esconde. A natureza humana é impelida para crescer e se desenvolver, quando o erro é tido como nefasto, a tendência é procurar vias de sobrevivência, mesmo que resultem em exaustão mental.

O desafio da Gestão de Pessoas é fazer com que capacitar e humanizar andem de mãos dadas, resultando em ganhos de autenticidade e, no fim da linha, maior produtividade e motivação das pessoas.

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