Barómetro: À procura de jovens
O tema era talento sénior mas os resultados do XXIII Barómetro Human Resources remeteram para outra realidade: a da necessidade das empresas rejuvenescerem o seu capital humano. Mas mais de 70% também continua a achar que o mercado de trabalho não está preparado para aproveitar o talento > 50.
Por Ana Leonor Martins
O tema das novas tecnologias que estão a entrar no mundo do trabalho é incontornável. Não é de hoje e, mais do que futuro, já é presente, e são várias as interrogações que traz associadas: vão todas as pessoas conseguir adaptar-se? Esta é ou não uma preocupação para as empresas, estando a apostar na reconversão das competências dos seus colaboradores? Ou são as pessoas que devem assumir essa responsabilidade? E vão as máquinas substituir a curto-prazo muitas das funções hoje desempenhadas por pessoas, e de forma mais rápida e eficiente? Se para as novas gerações, que cresceram com a tecnologia a questão pode não ser relevante, para os colaboradores mais séniores o caso pode mudar de figura. Isto levanta também a questão, numa altura em que só se fala das millennilas e da geração z, do papel do talento > 50 anos. Estará o mercado de trabalho preparado para o aproveitar? Como são encarados pelas empresas? Será que existe de facto necessidade de rejuvenescer o capital humano nas organizações em Portugal?
Estes são os temas centrais da 23.ª edição do Barómetro que completou dois anos de existência, lançando, mensalmente, questões da actualidade a um painel de especialistas composto por mais de 150 profissionais, maioritariamente directores de Pessoas (75%), mas também presidentes/ chief executives officers (10%) e directores de Marca/ Comunicação e/ ou Marketing (15%), com o objectivo de aferir tendências em temáticas relevantes para a Gestão de Pessoas em Portugal.
As novas tecnologias
No início do ano passado, quando questionámos o painel do Barómetro Human Resources sobre quais seriam os grandes temas para 2017, o Digital foi, de longe, o que reuniu maior percentagem de respostas, à frente de temas como o Talento, por exemplo. No início de 2018, a atracção e retenção de talento tomou a dianteira das prioridades do nosso painel de especialistas. A adaptação de competências às novas tecnologias surgia em segundo, mas a uma distância de 20 pontos percentuais, como o maior desafio para a Gestão de Pessoas. A terminar o ano, recuperámos o tema, para tentar perceber se de facto essa “preocupação” com o digital passou das palavras à acção. E parece que sim.
À pergunta “Como estão as pessoas na sua organização a adaptar-se à utilização de novas tecnologias”, a esmagadora maioria (70%), responder que “bem” (44%) ou mesmo “muito bem” (26%). Os restantes 30% consideram que os seus colaboradores se estão a adaptar “razoavelmente”, o que significa que ninguém considera que se estão a adaptar “mal” ou “muito mal”. Estes resultados confirmam a tendência registada em Fevereiro, quando 63% dos inquiridos afirmaram que a maioria dos seus colaboradores iam conseguir reconverter as suas competências, adaptando-se à revolução digital. Por outro lado, corroboram a intenção manifestada no início do ano pela maioria do painel de aumentar o investimento na formação.
De referir ainda que mostra uma evolução positiva em relação há sensivelmente um ano, quando 49% dos inquiridos admitiu que a sua empresa estava mal preparara ou muito mal preparada para a 4.ª Revolução Industrial.
Quando questionados sobre se “com a evolução tecnológica, perspectiva haja funções na sua empresa a ser substituídas por máquinas a curto/ médio prazo”, os resultados são menos contundentes. Ainda que 26% assegure que não, 36% considera que “sim, algumas”. Para 32% serão poucas as funções a deixar de necessitar de intervenção humana enquanto que 6% afirma que serão muitas.
Tendo em conta esta tendência, perguntámos se “a sua empresa está a trabalhar no sentida reconversão dos colaboradores” e a maioria (32%) respondeu que “sim, há vários anos”, enquanto 26% admitiu apenas ter começado este ano esse trabalho. 26% reconheceu ainda não estava a trabalhar nesse sentido, sendo que 10% demonstrou intenção de começar para o ano e 12% não saber, mas assumir que é uma preocupação. Uma percentagem ainda algo significativa – 16% – afirmou que não, não demonstrando intenções disso.
Leia o artigo na íntegra na edição de Novembro da Human Resources, nas bancas.