Barómetro Human Resources. Desafios RH para 2025: Mais do mesmo?! Ou só aparentemente?
Chegados a Dezembro, é altura de perspectivar 2025. Como habitualmente no Barómetro Human Resources na última edição ao ano, quisemos saber quais os temas que os profissionais identificam como os mais prementes. E o que está a ser feito em relação a outros que foram sendo apontados como desafios ao longo de 2024, nomeadamente o absentismo e os modelos de trabalho. Alguns resultados poderão surpreender.
Por Ana Leonor Martins
A evolução do emprego em Portugal, em 2025, e a projecção para a evolução do número de colaboradores nas empresas dos especialistas do Barómetro Human Resources; a evolução dos salários brutos na generalidade do tecido empresarial português e as perspectivas para as próprias empresas; e os grandes temas/desafios da Gestão de Pessoas para o próximo ano e aqueles que são considerados prioritários e mais urgentes nas respectivas empresas. Estes três grandes temas – emprego, salários e tendências – são já habituais sempre que estamos prestes a iniciar um novo ano, permitindo fazer comparações e identificar tendências. Estamos perante mais do mesmo? Não propriamente, mas já lá vamos. “Duplicar” a pergunta para o mesmo tema, para ter o cenário geral do mercado e concreto da empresa, também não é inocente. E as respostas divergem mesmo, evidenciando que nem sempre a tendência do mercado é a que se verifica nas empresas (para o bom e para o mau).
Entre os temas mais actuais, a escolha recaiu sobre dois “elefantes na sala”, identicados na Conferência Human Resources de Outubro – o absentismo e os modelos de trabalho. Foram estes temas que colocámos ao painel do Barómetro Human Resources nesta 56.ª edição, e os resultados é o que apresentamos de seguida.
Optimismo no emprego, conservadorismo nos salários
Começamos pelas perspectivas de evolução do emprego em Portugal, para 2025, e há uma alteração significativa em relação ao ano passado, sendo evidente um maior optimismo nesta matéria. Enquanto no final de 2023, a maioria dos inquiridos considerou que o emprego se iria manter (40%), este ano, a maioria (43%) acredita que vai aumentar entre 0,1 e 3%. Se acrescentarmos os que defendem que o emprego vai aumentar entre 3% e 5% (9%) e os que estão convencidos de que o aumento será superior a 5%, o resultado é um total de 54% (mais 20 pontos percentuais do que em final de 2023). Para 31%, os números do emprego irão manter-se e apenas 10% antevêem que o emprego vá diminuir, uma diferença de 30 p.p. em relação ao ano assado (40%). Desde 2022 que não havia números de emprego tão optimistas (65% afirmaram que o emprego iria aumentar).
A expressão do optimismo nos números altera-se quando se restringe a pergunta à realidade das empresas dos especialistas. Quando o que se pede é a projecção para a evolução do número de colaboradores nas suas empresas, o “primeiro lugar” surge repartido entre o “vai manter-se” e o “vai aumentar entre 0,1 e 3%”, ambos com 26% das respostas (neste último caso, uma descida de 17 p.p. em relação ao cenário geral). Mas 22% dos inquiridos acreditam que o headcount na sua empresa vai aumen tar entre 3% e 5% (mais 13 p.p.) e 7% afirmam mesmo que vai aumentar mais de 5% (mais 5 p.p. do que na pergunta anterior). Por outro lado, também há mais especialistas a admitir que o número decolaboradores na empresa vai diminuir 19% (mais 9 p.p. do que a perspectiva global), sendo que 12% perspectivam que a diminuição seja superior a 3%.
Mudando o foco para o tema dinheiro, há uma menor diferença entre as projecções para o mercado e para as respectivas empresas. Sobre a evolução dos salários brutos em Portugal (na maioria das empresas), em 2025, destacam-se, como a crença de mais de metade (54%) dos especialistas do Barómetro, aumentos entre 2% e 4% (ainda assim, menos 9 p.p. do que o ano passado). A diferença aumenta se juntarmos os que confiam que o aumento de salários será superior a 4% (12%,menos 10 p.p., comparativamente às projecções para 2024). No total, expressivos 90% acreditam que os salários vão aumentar em 2025 (24% avançam um aumento entre 1% e 2%, e 5% dizem que o aumento será inferior a 1%), sendo que o ano passado todos afirmaram que os salários iriam aumentar.
Importa, porém, notar que estamos a falar de salários brutos e que há um aumento obrigatório definido por lei – o do salário mínimo nacional (SMN). De lembrar que já foi aprovado no Orçamento do Estado 2025 umaumento de 6,1% (de 820 para 870 euros) e que, nos mais recentes dados divulgados (no mês passado), a Comissão Europeia reviu em alta a taxa de inflação em Portugal, para 2,1%. Comparando os números, poder-se-á deduzir que a diferença entre o salário mínimo e o salário médio vai voltar a diminuir e que os aumentos poderão não ser “reais” (se tivermos em conta o aumento do custo de vida).
Fique a conhecer todos os resultados do LVI Barómetro Human Resources na edição de Dezembro (nº.168) da Human Resources, nas bancas (se preferir comprar online, tem disponível a versão em papel ou a versão digital).
E tem também o comentário dos especialistas (que vamos partilhar individualmente)
– Ana Maria Petrucci, HR and Brand & Engagement director da Intelcia
– Marco Serrão, Chief People & Space Officer da Galp
– José Luís Carvalho, director de Gestão de Pessoas da CUF
– Ana Corte-Real, Associate dean para a Formação Executiva da Católica Porto Business School
– Joana Tavares, HR Business partner da Aon
– Verónica Soares Franco, administradora e Chief Human Resources Officer do Pestana Hotel Group