Barómetro: Pessoas ou resultados?
Qual é afinal o papel de um líder? Atingir objectivos e obter resultados ou motivar e inspirar a sua equipa? Ambos, já sabemos. Mas, então, onde deve estar o seu foco? O painel do Barómetro Human Resources não tem dúvidas.
Por Ana Leonor Martins
Depois de no final do ano passado a Human Resources ter promovido um “Pequeno-Almoço Debate” sobre liderança, voltámos ao tema para “tirar o pulso” aos especialistas do nosso Barómetro e perceber qual a sua opinião. Foi, assim, o tópico em destaque nesta 19.ª edição, em que tentámos perceber que competências deve um líder ter, que papel devem assumir nas empresas e quais as principais preocupações que assumem hoje em dia. E será que o tipo de liderança tem influência directa nos resultados alcançados? É o que vamos desvendar a seguir.
Ainda nesta edição, mais dois temas que estão na ordem do dia: as prioridades em termos de reforma da legislação laboral e o acesso às redes sociais, para uso pessoal, no horário de trabalho. Deve ou não ser limitado?
O painel do Barómetro Human Resources que, mensalmente, responde às questões elaboradas pela redacção da revista de acordo com a actualidade, conta com mais de 150 especialistas, maioritariamente directores de Pessoas (75%), mas também presidentes/ chief executives officers (10%) e directores de Marca/ Comunicação e/ ou Marketing (15%).
As pessoas no centro
“Ser um bom gestor de pessoas e saber motivar e inspirar a equipa foi, de longe, a competência considerada mais importante num líder para responder aos desafios actuais. Podendo escolher até três opções, esta foi a mais referida pelo painel de especialistas (74%), seguida pela opção “ser resiliente, capaz de assumir riscos e de antecipar oportunidades” (61%). “Ser um bom gestor da mudança organizacional” e “ser um networker e um construtor de parcerias poderosas” juntaram-se ao pódio, mas com quase metade das respostas (33%, em ambos os casos). “Ser flexível” (4%) foi a hipótese menos referida, seguida de “saber delegar” (7%). Apesar de vivermos num mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo), ser visionário também não parece ser a competência mais importante (13%). E será talvez curioso constatar que apenas 22% dos inquiridos considerou que “ser um bom gestor e orientar-se para os resultados” é fundamental num líder.
A maioria dos inquiridos considera que o que está no topo das preocupações dos líderes é o impacto da tecnologia na organização.
A pergunta seguinte parece corroborar este resultado. Quando questionados sobre “qual o papel do líder”, o painel não teve dúvidas em afirmar que, apesar de atingir objectivos e obter resultados também ser relevante, o foco na motivação/ inspiração da equipa é mais importante. Foi a resposta de 61% dos especialistas, sendo que 35% defendeu que o foco nos resultados é mais importante. É insignificante a percentagem de pessoas que defende que o papel do líder se restringe a atingir objectivos e resultados (2%) ou motivar/ inspirar a equipa (2%).
Quando questionado sobre o que está no topo das preocupações dos líderes das organizações, e podendo-se escolher até três opções, mais uma vez regista-se algum consenso no painel, com “o impacto da tecnologia na organização” a surgir destacado de forma significativa (78%). Em segundo lugar, mas a uma distância de 21 pontos percentuais sobressai a “promoção de uma cultura de empowerment e accountability (57%), sendo que a “escassez de talento”, um tema que tem sido amplamente debatido (ainda na XV edição do Barómetro Human Resources, o primeiro do ano corrente, a maioria dos inquiridos considerou que a atracção e retenção de talento seria o grande tema da Gestão de Pessoas em 2018) surge em terceiro. A título de curiosidade, de referir que a transformação da função de Recursos Humanos foi a hipótese menos referida.
Ainda que 65% considere que liderança e resultados estão directamente relacionados, 20% acredita que maus líderes podem atingir bons resultados.
Ainda relacionado com o tema liderança, e recuperando aquela que acabou por ser a questão mais polémica no Pequeno-Almoço Debate da Human Resources, questionou-se o painel sobre se a liderança e os resultados estão directamente relacionados. Ou seja, se bons líderes asseguram sempre bons resultados e mais líderes têm necessariamente maus resultados. No referido evento, houve quem assertivamente defendesse que um mau líder traz tão bons resultados como um mau líder. A maioria dos especialistas discorda, com 65% a defender que existe uma correlação elevada entre o tipo de liderança e os resultados alcançados. Mas apenas 11% afirmou “sim, completamente”, considerando que a correlação é directa. Já para 20% dos inquiridos, maus líderes também podem atingir bons resultados.
Conheça todos os resultados na edição de Maio da Humna Resources Portugaç e leia os comentários de três especialistas do painel:
– Catarina Zagalo, directora de Comunicação da ANA Aeroportos de Portugal
– Catarina Graça, directora de Pessoas da SUMOL+COMPAL
– Carlos Figueiredo, Consultor of Counsel da PLMJ, Sociedade de Advogados
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