Barómetro. Quais as prioridades para 2024, para gestores de Pessoas e CEO?
Sobre aqueles que serão os grandes desafios da Gestão de Pessoas para 2024, não há grandes novidades, com a atracção e retenção de talento a voltar a destacar-se. No entanto, não é essa a prioridade dos CEO. Mas é outro o dado que sobressai neste 50.º Barómetro Human Resources, e cujo alerta já tinha sido dado em 2022: a maioria das lideranças em Portugal não tem as competências necessárias para enfrentar os desafios que se avizinham. Uma nota positiva: as perspectivas de contratação e de aumentos salariais são optimistas.
Por Ana Leonor Martins
Como habitualmente no final de cada ano, a Human Resources recorre aos especialistas do Barómetro Human Resources para ajudar a perspectivar o novo ano: como vai evoluir o emprego em Portugal em 2024? E os salários? Os grandes temas e desafios na Gestão de Pessoas vão manter-se? Quais as prioridades das empresas neste âmbito? Gestores de Pessoas e CEO estão alinhados? E as lideranças, estão preparadas para enfrentar os desafios que se avizinham? A actual situação política do País vai impactar a actividade das empresas? Foram estes temas que colocámos ao painel do Barómetro Human Resources nesta 50.ª edição, cujos resultados apresentamos de seguida.
Emprego a manter-se ou diminuir e salários a aumentar
Em relação à evolução do emprego no nosso país em 2024, a primeira conclusão que se destaca é que os inquiridos estão divididos: 40% acreditam que os níveis de emprego se vão manter em Portugal, enquanto os mesmos 40% perspectivam que vão descer (37% acham que será uma diminuição entre 0,1 e 3%, e 3% afirmam que será uma diminuição superior a 3%). Já 20% confiam que o emprego vai aumentar (15% dizem que aumentará entre 0,1 e 3%, para 5% será um aumento entre 3 e 5%, e ninguém acredita que irá aumentar mais do que 5%). São perspectivas em linha com as do ano passado, ainda que ligeiramente mais conservadoras, pois, em 2023, havia mais especialistas (25%, mais cinco pontos percentuais) a defender que o emprego ia aumentar e menos (33%, menos seis p.p.) a considerar que ia manter-se.
Colocando o foco num nível mais micro, mudando para a evolução do número de colaboradores na empresa de cada um, os resultados são consideravelmente diferentes e o cenário inverte- -se, passando a ser o crescimento que claramente se destaca, com 65% dos especialistas (mais 45 p.p do que na pergunta anterior) a garantirem que o número de colaboradores na sua empresa vai aumentar (35% dizem que entre 0,1% e 3%, 20%, entre 3 e 5%, e 10% afirmam mesmo que prevêem um aumento de 10% nos efectivos, em 2024. Apenas 5% admitem que vai reduzir o headcount (menos 35 p.p., comparativamente à previsão para o cenário no País). A diferença menor regista-se na opção “vai manter-se”, com 30%. Esta foi, de resto, uma tendência também registada no ano passado, o que pode encontrar parte da explicação no facto de os profissionais que integram o Barómetro Human Resources serem de grandes e médias empresas.
Quando o tema é dinheiro, os resultados são talvez mais surpreendentes. Questionados sobre como perspectivavam a evolução dos salários brutos em Portugal, em 2024, não há ninguém que acredite que não vão aumentar. A larga maioria – 63% – espera que aumentem entre 2 e 4%. Comparativamente ao ano passado, traduz-se num aumento de 12 p.p. (51%). E dois em cada 10 inquiridos (22%) confiam inclusive que os aumentos vão ser superiores a 4%. Só 5% consideram que serão inferiores a 1%, e 10% prevêem um aumento entre 1 e 2%.
Mais uma vez pedindo aos inquiridos para terem em conta a realidade da sua empresa, quando questionados sobre como vão evoluir os salários brutos, sobe consideravelmente a percentagem dos especialistas que afirmam que os aumentos serão superiores a 4%, quando 38% revelam que serão entre 2 e 4%. Já 20% reconhece que os aumentos serão entre 1 e 2%, mas mais uma vez ninguém prevê que não haja aumentos.
Se voltarmos à análise macro do País, mas concretizarmos a pergunta na evolução dos salários reais (tendo em conta a inflação, que, de acordo com previsões da OCDE para Portugal, se fixará em 3,3% para o próximo ano), os resultados mudam significativamente. Neste cenário, já ninguém acredita que os salários subam acima dos 4%, e descem para 45% os inquiridos que anteveem um aumento salarial entre 1 e 4% (25%, que é a maioria, entre 1 e 2%; e 20% entre 2 e 4%). Por outro lado, tratando-se de salários reais, 27% acreditam que vão descer. Ainda assim, são valores mais baixos do que os registados em período homólogo do ano passado (48%, mais 21 p.p.). Para 15%, os salários reais vão manter-se.
Fique a conhecer todos os resultados do L Barómetro Human Resources na edição de Dezembro (nº.156) da Human Resources, nas bancas (se preferir comprar online, tem disponível a versão em papel ou a versão digital).
E tem também o comentário dos especialistas:
– Carla Marques, CEO da Intelcia Portugal
– Ana Gama Marques, directora de Pessoas e Organização da Altice
– Eduardo Caria, director de Pessoas & Organização do Grupo Ageas Portugal
– Francisco Viana, director central de Recursos Humanos da Caixa Geral de Depósitos
– Isabel Borgas, directora de Pessoas e Organização da NOS
– Marco Serrão, director de Gestão de Pessoas e Cultura da Galp
– Nuno Gonçalo Simões, director de Capital Humano da PwC
– Andreia Rangel, directora de People, Purpose & Culture da Deloitte
– Sara Silva, directora de Relações Humanas na L’Oréal
– Paulo Silva, director de Recursos Humanos da SIVA | PHS
– Verónica Soares Franco, Chief Human Resources officer e membro da comissão executiva do Pestana Hotel Group