Beatriz Lemos, Glam Celebrity Management: «Gestão de vedetas e famosos numa esfera de 360 graus: a toda a hora e em todas as situações»

A Glam Celebrity Management celebrou em Outubro do ano passado 20 anos. Duas décadas dedicadas ao agenciamento de caras conhecidas, num negócio onde a confiança mútua é imprescindível.  Beatriz Lemos, fundadora e directora da Glam Celebrity Management, analisou connosco o percurso da agência, que tem nos seus colaboradores a base do seu sucesso. 

Por Sandra M. Pinto

 

Nomes conhecidos de todos fazem parte do portefólio da Glam Celebrity Management. Chegam até ela à procura de acompanhamento para as suas carreiras, mas a presença da agência acaba por se estender à sua vida pessoal. Confiança e profissionalismo têm marcado as duas décadas de vida da Glam Celebrity Management, que aporta grande parte dos seus bons resultados à excelência dos seus recursos humanos, como faz questão de sublinhar Beatriz Lemos.

Quando surgiu a Glam Celebrity Management?
Trabalhei como relações públicas em dois ou três espaços nocturnos conhecidos no Porto onde conheci o meu primeiro agenciado, o Jorge Gabriel e outras pessoas do meio artístico. Percebi que nessa altura havia uma grande lacuna, com actores e apresentadores, enquanto os músicos, por sua vez, já tinham os seus bookers e managers que geriam as suas carreiras. Havia algumas agências de modelos, onde alguns actores e apresentadores estavam agenciados, no entanto, sem nenhum acompanhamento de carreira. Pelos conhecimentos que fiz, na altura, e um pouco incentivada pelo Jorge Gabriel, pela Rita Mendes e pelo Rui Unas, que iniciaram a agência connosco, decidimos arriscar e criar um projecto pioneiro que era o agenciamento de celebridades. Tudo começou comigo e com o meu irmão, Luís Lemos, o director financeiro da Glam.

O que esteve na base da sua criação?
Existiam as agências de modelos, dois ou três agentes e uma ou duas agências de actores. A minha ideia era criar o acompanhamento de carreira, acompanhamento individual de cada um dos agenciados, não só em trabalhos de publicidade e apresentação, mas em todas as áreas que digam respeito a sua actividade profissional e a visibilidade da mesma. De raiz, temos a Glam Celebrity, actores e apresentadores, mas ao longo dos anos fomos abrindo outros departamentos com outros sócios.

Com duas décadas de actividade como caracterizam a evolução do mercado onde actuam?
A grande novidade acaba mesmo por ser a entrada do mercado digital como uma das mais importantes plataformas onde, hoje em dia, nos movemos. E por incrível que pareça 20 anos depois a televisão continua a ter a mesma importância que sempre teve.

Quantos colaboradores têm neste momento?
Temos dois escritórios, no Porto e em Lisboa, e uma estrutura com 10 funcionários.

Recrutam com regularidade? Se sim para que perfis?
Recrutamos todos os dias para o Departamento Glam Talents, um departamento de anónimos, que propomos maioritariamente para publicidade. Aceitamos pessoas sem restrições, de todas as idades, de todos os géneros… Para os departamentos Celebrity e Sports, os agenciados vêm só por convite. No que toca a staff, só recrutamos se tivermos que substituir algum colaborador, mas temos uma equipa bastante duradoura!

De que forma viveram a pandemia e como afectou ela o vosso negócio?
Neste contexto de pandemia, em que perdemos cerca de 90% da nossa facturação, já temos a recuperação mais ou menos estabilizada. As empresas e os clientes saíram do choque e rapidamente reagiram e adaptaram o seu modelo de negócio a esta nova realidade, quase totalmente virada para o digital. Posso dar-lhe um exemplo. Temos diversas empresas que nos pedem apresentadores para as suas festas de Natal internas. É tudo feito online e os colaboradores assistem e interagem de forma digital.
Os programas de televisão nunca deixaram de estar no ar e as novelas também contornaram rapidamente os obstáculos. O grande desafio actualmente é a realização de espectáculos e os eventos. As marcas têm que encontrar uma alternativa aos eventos para o lançamento de projectos ou produtos e os espectáculos culturais têm que ter todas as medidas de segurança e distanciamento social, pelo que não poderemos ainda ver um concerto ou um stand up comedy como víamos anteriormente.

Hoje de que forma é composta a Glam Celebrity Management?
A Glam é composta pelos seguintes departamentos:
– Celebrity – Actores e apresentadores;
– Sports – Nelson Évora, Campeão Olímpico e Ricardinho, o melhor jogador de futsal do mundo; Ângelo Girão (hóquei), Vasco Ribeiro (surf);
– Talents – serviço de oferta de pessoas reais para anúncios de publicidade;
– Corporate – serviço de assessoria de imprensa para empresários e figuras de destaque nas suas áreas profissionais;
– Internacional – representa nomes como Joaquin Cortes, Claudia Raia, Bárbara França, Zezé Motta, entre muitos outros;

Quantos agenciados têm?
Actualmente, a Glam tem cerca de 40 agenciados. No seu portfolio nacional conta com nomes como Ana Guiomar, Rui Unas, Júlia Pinheiro, Diana Chaves, Cláudio Ramos, Sofia Ribeiro, Cifrão, Rita Salema, Nelson Évora, Tânia Ribas Oliveira ou Manuel Marques.

Todos nacionais ou também estrangeiros?
Nacionais e internacionais. Temos, desde 2016, uma parceria com a maior agência de profissionais da televisão do Brasil, a Montenegro Talents. De uma forma geral, temos uma relação bilateral, na medida em que os nossos agenciados são representados no Brasil e representamos os deles, no mercado europeu. Estamos a falar de nomes como Sílvia Pfeifer, Beth Goulart, Henri Pagnoncelli, Cláudia Raia, Zeze Motta, Leona Cavalli, entre outros. São nomes maiores e universais da ficção brasileira, que sempre teve um grande impacto em Portugal e que fazem parte das nossas memórias.

É hoje mais fácil ou mais difícil cuidar da imagem de alguém? Porquê?
É mais fácil, porque há mais profissionais na área, porque os agenciados, hoje em dia, também sabem da importância da sua imagem. É mais difícil, porque a rede social facilmente expõe mal-entendidos ou ampliam situações sem qualquer importância.

Ao nível da gestão de carreira quais os vossos maiores desafios?
Como a Glam tem como política tratar da vida dos nossos agenciados numa esfera de 360 graus, o grande desafio é, conseguirmos chegar a todo o lado, a toda a hora e em todas as situações. Somos uma agência que prima por estarmos não só na vida profissional, como também na vida pessoal. Queremos colmatar as dificuldades que muitas vezes têm em tratar de determinados assuntos pessoais.

O que é que os agenciados procuram quando batem à vossa porta?
Acho que, acima de tudo, precisam de um parceiro. Alguém que esteja com eles, nos bons momentos e nos maus. Alguém que os guie e que os faça voar nos momentos-chave.

Tudo se desenvolve depois com base numa relação de confiança mútua, certo?
Sem dúvida!

Internamente qual a importância dos Recursos Humanos para o vosso sucesso?
Toda. Os recursos humanos são a essência e a base do nosso sucesso, são a nossa melhor e maior arma. Os nossos colaboradores estão, em grande parte, connosco há muitos anos e, por isso, já sentem a Glam como uma família. Não só os colegas, mas como os agenciados e os clientes. Há uma relação de proximidade entre todos e duradoura também.

Têm nos vossos colaboradores os vossos maiores embaixadores? Porquê?
Claro que sim. Somos uma empresa “familiar”. Fazemos um trabalho de pessoas com e para pessoas e, como tal, os agenciados identificam-se com as pessoas com quem trabalham e que estão com eles em todos os momentos profissionais e que fazem, de certa forma, parte da vida pessoal também. Temos, por exemplo, uma prática regular que é o salário emocional que é apenas um pequeno exemplo. Ou seja, regularmente, recebem um mimo, que pode ser uma ida ao teatro ou ao cinema, uma massagem, um almoço, usufruir de um fim-de-semana, entre outros.

Depois de 20 anos como olham para o futuro?
Sempre com o mesmo espírito do primeiro dia, mas com a aprendizagem destes últimos 20 anos. Depois de termos ultrapassado este momento complicado, imposto pela covid, saímos mais fortes e que o futuro seja risonho.

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