Boas práticas, DB Schenker. «Aqui todos são pessoas e não recursos produtivos ou activos»

Com uma estratégia de Pessoas materializada no mote #BeUnique, a DB Schenker está consciente de que, para atrair e fidelizar os melhores talentos, tem de promover o desenvolvimento de todo o potencial dos colaboradores, disponibilizando os meios necessários. E fá-lo mesmo antes de se juntarem à organização.

 

Por Tânia Reis

 

Nascida na Áustria em 1872, a DB Schenker foi conquistando os cinco continentes e conta, hoje, com mais de 76 mil colaboradores, espalhados por 725 armazéns e 1850 estabelecimentos. A empresa de logística e transporte terrestre, marítimo e aéreo está focada num futuro sustentável e inteligente, com os colaboradores no centro da organização. A comprová-lo está a mudança do nome do departamento de Recursos Humanos para People & Organization, pois trata-se de «pessoas, com os seus próprios interesses e necessidades, e não recursos produtivos ou activos», faz notar Manuel Asensio Menchero, Chief Human Resources Officer. «Nesta abordagem, vemos os nossos colaboradores como parceiros para alcançar a excelência e a agilidade que procuramos enquanto organização, dando-lhes as ferramentas necessárias para desenvolverem todo o seu potencial, o que garantirá o sucesso da empresa.»

Com um sector da logística em constante crescimento e consolidação, a concorrência tem vindo a aumentar. «A pandemia, por exemplo, teve bastante impacto na forma como trabalhamos e como vivemos, e a velocidade a que mudam os paradigmas da sociedade está mais rápida do que nunca», realça o responsável. Para fazer frente a estas mudanças, implementaram a “Unleash”, estratégia que «consiste em ajudar a desenvolver todo o potencial e talento que já temos na organização, disponibilizando os meios necessários para a concretização desse objectivo».

 

Uma rede de embaixadores de valores globais
Em Portugal, a DB Schenker emprega cerca de 350 colaboradores, com uma média de idades de 43 anos e uma antiguidade de 11 anos, ainda que tenham acolhido recentemente vários jovens talentos. «Esta mistura de experiências e de diferentes perspectivas é algo que nos enriquece e nos torna únicos», garante. Não obstante ser um sector tradicionalmente masculino, estão a desenvolver esforços para que haja um equilíbrio ainda maior, já que «40% do escritório é composto por mulheres».

O dia-a-dia na organização é vivido segundo os valores corporativos “Walk the talk, Be honest, Push Limits, Take customer further, and Play fair with people and planet”, totalmente integrados na DB Schenker e personificados nos “embaixadores de valores globais”, ou seja, «indivíduos comprometidos que personificam e promovem activamente os valores fundamentais da empresa», explica o Chief Human Resources Officer. «Contribuem para a cultura organizacional e fortalecem o espírito de equipa. São essenciais para difundir os princípios fundamentais da DB Schenker e ajudam a criar um ambiente onde todos compartilham e se identificam com esses valores.»

Fazer da DB Schenker um lugar capaz de atrair e fidelizar o melhor talento da indústria, «porque encontram na empresa o melhor lugar para se desenvolverem profissionalmente, com um elevado grau de autonomia e responsabilidade, e onde encontram um quadro de confiança e reconhecimento » é assumida como a grande prioridade no que aos colaboradores diz respeito.

Para alcançar esse objectivo, estão a «tornar a estrutura e as funções mais claras e simples, para que a comunicação entre todos os níveis seja mais fácil e rápida». Dessa forma, poderão oferecer aos colaboradores «uma organização muito mais flexível e adaptável às suas necessidades, o que fará da DB Schenker o melhor local para trabalhar», acredita Manuel Asensio Menchero.

 

Diversidade, até de experiências
Numa realidade cada vez mais heterogénea e global, não é de estranhar que a diversidade ocupe um lugar de destaque transversal em toda a estratégia de Pessoas, materializada no mote #BeUnique, e que abrange desde pensamento, perspectivas, experiências de trabalho e de vida, etnia, género, idade, a origem social, capacidades físicas e mentais, orientação e identidade sexual, religião, entre outros.

O gestor explica o porquê: «A nossa força de trabalho deve reflectir a sociedade e, se não a representar, corremos o risco de não conseguir atrair os melhores talentos, envolver, capacitar e criar equipas de elevado desempenho.» Na DB Schenker, promove-se a igualdade de género, a inclusão e o respeito. «Criar um ambiente inclusivo é uma prioridade máxima, porque acreditamos que a inclusão é a chave para oportunidades de trabalho justas e para estabelecer uma cultura de confiança », garantindo assim que os colaboradores podem ser eles próprios e realizar todo o seu potencial.

Um dos exemplos pioneiros nesse âmbito é o “job sharing”, em que dois profissionais partilham o mesmo cargo. Ainda que esteja apenas implementado na Alemanha, o responsável revela que «está actualmente a ser implementada, na Península Ibérica, uma plataforma» para que a opção “shoe swap” esteja disponível para os como os colaboradores. «Esta iniciativa de “colocar-se nos sapatos do outro” visa dar às equipas a oportunidade de compreenderem melhor o seu trabalho noutros departamentos ou numa unidade de negócio diferente», esclarece, acrescentando que estão também à procura de outras «opções horizontais de carreira que abram os horizontes das equipas».

 

O poder da flexibilidade e da comunicação interna bidireccional
O alargado leque de benefícios disponibilizado resulta, em parte, de inquéritos de satisfação regulares junto dos colaboradores. No âmbito da saúde e bem-estar, por exemplo, vão desde a entrega gratuita de fruta fresca nos diferentes locais de trabalho a um portal de descontos e serviços, que dá acesso a diferentes programas de saúde e bem-estar. Ademais, todos os escritórios dispõem de flexibilidade do horário de entrada e da opção de tornar o almoço flexível de uma a duas horas.

Implementaram ainda «a política mais avançada do sector da logística», na qual os colaboradores podem tirar «até oito dias de teletrabalho seguidos, sem qualquer outra obrigação a não ser a de se apresentar ao escritório no prazo de 24 horas em caso de emergência». As licenças relacionadas com «a assistência a filhos e familiares podem ser gozadas por ambos os progenitores», contribuindo para a promoção de uma cultura de corresponsabilização familiar.

Com colaboradores dispersos “no terreno”, a DB Schenker promove o envolvimento e sentimento de pertença das equipas recorrendo aos canais tradicionais, como intranet, emails, calls, reuniões de managers, mas também através de outras soluções. «Uma vez por mês, organizamos um pequeno-almoço com os funcionários das diferentes filiais, onde o CEO e o CPO se deslocam para manter um diálogo aberto e sem agenda com os funcionários que queiram participar», exemplifica Manuel Asensio Menchero, outra actividade resultante do inquérito aos trabalhadores, que apontava uma melhoria da comunicação interna.

«Temos muitos canais de comunicação abertos e agora pretendemos potenciar uma comunicação mais aberta, mais directa e, acima de tudo, bidireccional com toda a força de trabalho», sobretudo com as equipas de armazém, que, por não trabalharem com computadores, obrigam a ser mais imaginativos na forma como lhes fazem chegar a informação. «É aqui, sem dúvida, que nos focamos a curto prazo », reitera.

Também a pandemia, ainda que um desafio, representou uma oportunidade para explorar novas formas de trabalho, e a DB Schenker desenvolveu a sua própria política de teletrabalho «que permite, em todos os postos de trabalho onde, pela sua natureza, o trabalho remoto é possível, oito dias de teletrabalho por mês para serem usufruídos de forma flexível ». Outra medida que promove a corresponsabilidade, partilha o gestor, «é a concessão de uma margem de tempo no início do dia de trabalho, desde que as necessidades operacionais e organizacionais o permitam».

Todas as medidas de conciliação entre a vida profissional e familiar são, «semdúvida, um dos factores decisivos nas nossas candidaturas no mercado», destaca, e ambicionam estar na vanguarda do sector na Península Ibérica.

 

Leia o artigo na íntegra na edição de Outubro (nº. 154) da Human Resources, nas bancas. 

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