Bruxelas (razoavelmente) optimista com rápida recuperação económica em Portugal

A Comissão Europeia diz estar “razoavelmente optimista” sobre uma “rápida recuperação” económica de Portugal após a crise gerada pela COVID-19 e considera que a forma como o país “controlou” a pandemia beneficiará a retoma do turismo este verão.

 

Em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas, o comissário europeu do Emprego, Nicolas Schmit referiu «De momento, estou razoavelmente optimista relativamente a Portugal».

O responsável recordou que «Portugal foi bastante afectado pela crise anterior», de há 10 anos, «que teve contornos muito sérios no país e afectou especialmente jovens, com alguns dos quais a terem de deixar o país para encontrar novas oportunidades».

Porém, desta vez a situação será diferente, de acordo com Nicolas Schmit. «Prevemos que a recuperação económica em Portugal aconteça relativamente rápido, o que permitirá também que o desemprego baixe mais rapidamente do que aconteceu na crise anterior», comparou o comissário europeu.

Em previsões económicas divulgadas no início de Maio, a Comissão Europeia disse estimar para Portugal uma contracção da economia de 6,8%, menos grave do que a média europeia, mas projecta uma retoma em 2021 de 5,8% do PIB, abaixo da média da UE (6,1%) e da zona euro (6,3%).

Foi ainda projectada uma taxa de desemprego de 9,7% em 2020, diminuindo para 7,4% no ano seguinte.

«As previsões de que dispomos apontam para um aumento no desemprego em Portugal este ano, à semelhança dos outros Estados-membros», referiu Nicolas Schmit.

E, segundo o responsável, isto já está a acontecer. «Já estamos a assistir a um aumento do desemprego – porque já há pessoas a perder os seus postos de trabalho –, mas é preciso pôr em prática as medidas certas para o limitar e para ajudar Portugal a recuperar vigorosamente», apelou.

De acordo com Nicolas Schmit, aqui entra a proposta da Comissão Europeia de um Fundo de Recuperação de 750 mil milhões de euros para reparar os danos provocados pela COVID-19, do qual Portugal «também é um beneficiário, ajudando a encurtar esta severa recessão».

A proposta prevê que, do montante global do fundo, a ser angariado pela própria Comissão nos mercados, 500 mil milhões sejam canalizados para os Estados-membros através de subsídios a fundo perdido, e os restantes 250 mil milhões na forma de empréstimos.

Portugal poderá arrecadar um total de 26,3 mil milhões de euros, 15,5 mil milhões dos quais em subvenções e os restantes 10,8 milhões sob a forma de empréstimos (voluntários) em condições muito favoráveis, mas a decisão sobre o aval da proposta cabe aos líderes europeus.

Na entrevista à Lusa, Nicolas Schmit elogiou também o facto de Portugal ter conseguido «controlar bastante bem a pandemia», numa altura em que se registam cerca de 33 mil casos de infecção no país, mais de 20 mil dos quais recuperados, e 1447 mortes por causa da COVID-19.

«Não foi um dos países mais afectados e penso que isto é um elemento positivo para Portugal e para o sector do turismo», considerou o comissário europeu.

Nicolas Schmit disse, ainda, esperar que este verão não seja «uma temporada perdida» no país, apesar de reconhecer que o sector turístico português terá «um ano mais difícil».

Ler Mais