Cada vez mais empresas estão a criar salas de sestas. Eis os motivos…

O bem-estar no trabalho está a ser levado cada vez mais a sério por muitas empresas e colaboradores, com pesquisas recentes a demonstrar que mais de um quarto dos trabalhadores da Geração Z – nascidos entre 1997 e 2012 -, procuram benefícios que os ajudem a lidar com o stress e ansiedade, o que inclui sestas, salas de meditação e cadeiras de massagem, avança o site The Conversation.

 

O sono regular é importante e está comprovado. Uma análise efectuada em 2018 pelo think tank americano RAND Corporation sugere que até 3% do PIB de um país pode ser perdido devido à falta de sono. Já a nível organizacional, algumas empresas estão conscientes dos benefícios de uma boa noite de sono.

A sede da Nike em Portland, nos Estados Unidos, tem alegadamente quartos que os trabalhadores podem utilizar para dormir a sesta, enquanto outras empresas instalaram sistemas de iluminação para regular a melatonina da hormona do sono, o que os colaboradores consideram útil quando terminam o trabalho à noite.

Contudo, o conceito de “dormir no trabalho” e fazer sestas é ainda questionado na maioria das empresas, mesmo que estimule o bem-estar mental ou ajude a atrair os melhores talentos. A ciência do sono tem progredido muito nos últimos anos, com experiências de laboratório a confirmar o que muitos já suspeitavam: sono insuficiente pode causar problemas com a função cognitiva e a saúde mental.

Um estudo, desenvolvido por académicos do Instituto de Tecnologia de Masschusetts (MIT), Harvard e da Universidade da Pensilvânia que utilizou actigrafias (dispositivos que medem padrões de sono em pacientes com distúrbios do sono) para monitorizar o sono de um grupo de cerca de 450 adultos em Chennai, na Índia, concluiu que os participantes dormiam apenas 5,5 horas por noite e o tempo que descansavam era de má qualidade. Apesar de passarem oito horas na cama, o sono era muito irregular, a um nível comparável ao das pessoas com distúrbios como a apneia do sono ou insónia.

Durante três semanas foram feitas várias intervenções a diferentes grupos de trabalhadores para perceber de que forma afectaria o seu conhecimento, produtividade, tomada de decisões e bem-estar, ao trabalharem numa função de introdução de dados com horário flexível, o que possibilitou que fossem monitorizadas horas trabalhadas, a produtividade e o bem-estar psicológico e físico dos participantes.

A alguns membros do grupo foram oferecidos tratamentos de sono nocturno, incluindo artigos para melhorar o seu ambiente e foram-lhes dados conselhos sobre os benefícios de um sono de boa qualidade; a outros foram oferecidos incentivos financeiros e foi-lhes prometido o pagamento quando o sono extra fosse rastreado nos actiógrafos.

Uma noite de sono versus uma sesta

As intervenções no sono nocturno aumentaram em média o tempo de sono em 27 minutos, no entanto não melhoraram a cognição, produtividade, tomada de decisões ou bem-estar dos trabalhadores.

A outro grupo de participantes foi oferecida a opção de fazer uma sesta de 30 minutos à tarde, num ambiente confortável e tranquilo. Este grupo viu melhorias notáveis em todos os resultados, incluindo bem-estar psicológico, cognição e um aumento médio de 2,3% na produtividade ao longo do dia.

Como parte da experiência, a taxa de pagamento foi variando: os participantes ganhavam quatro vezes mais do que outros em alguns pontos, o que possibilitou uma comparação entre os resultados e o aumento dos salários. Esta técnica permitiu aumentar a produtividade em 14%, com os dados a sugerir que fazer uma sesta ao meio-dia aumenta a produtividade até 50%.

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