Carla Caracol, Grupo Renascença Multimédia :«A atracção de talento não é feita em one shot»
Na análise aos resultados da 51.ª edição do Barómetro da Human Resources, Carla Caracol, directora de Recursos Humanos do Grupo Renascença Multimédia, acredita que «não é suficiente atrair. A atracção não é feita em one shot! A atracção tem de ser contínua, de forma que não se tenha de correr contra o prejuízo, trabalhando em contrapropostas para colmatar a distracção».
«Ao analisar os resultados do 51.º questionário do Barómetro da Human Resources, gostaria de destacar o facto de 74% dos participantes referirem que a produtividade continua a ser um problema nas empresas em Portugal. Há décadas que ouvimos, lemos, reflectimos e debatemos em vários fóruns esta fragilidade nacional, mas o problema subsiste, e não apenas ao nível da percepção.
Apesar de considerarmos o propósito organizacional um dos principais drivers para a performance e compromisso dos colaboradores, não podemos cingir a sua promoção a técnicas de Marketing e Comunicação. Esse propósito tem de ser organicamente sentido por cada um. Só quando o colaborador sente que o seu propósito pessoal e o propósito da empresa estão alinhados, é que colocará todo o seu potencial e talento ao serviço desta.
E, também por isso, não estranho que um dos problemas apontados no questionário seja o ciclo da Gestão de Talento. Não é suficiente atrair. A atracção não é feita em one shot! A atracção tem de ser contínua, de forma que não se tenha de correr contra o prejuízo, trabalhando em contrapropostas para colmatar a distracção. A questão do seu desenvolvimento não pode também passar apenas por dotar os colaboradores das competências necessárias para responder aos desafios do negócio. Há que os antecipar e até definir tendências. Há quanto tempo não são desafiados para projectos inovadores, onde se podem sentir verdadeiramente úteis porque acrescentam valor para lá do seu descritivo funcional? Temos relações de confiança em que, voluntariamente, são partilhadas ambições, expectativas e necessidades? Damos espaço para o risco e para a aprendizagem on job?
Para sermos todos mais produtivos, necessitamos de empoderar o talento interno, de forma transversal, sem tabus nem preconceitos. Ser mais e melhor está à mão de qualquer um. Na maior parte das vezes, só é preciso dar uma palavra de incentivo, sentar ao lado a apoiar, ou apenas confiar. E não, não é um slogan para decorar a parede da recepção da empresa! É urgente passar à acção!»
Este testemunho foi publicado na edição de Fevereiro (nº.158) da Human Resources, no âmbito da LI edição do seu Barómetro.
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