Carreira: Excelência através das pessoas

Pedro Rocha e Melo defende uma liderança relacionada com o propósito, e sempre em defesa da dignidade das pessoas. E acredita que para envolver e motivar as pessoas, é preciso confiar e dar-lhes autonomia.

 

Transcrição e edição: Diana Pedro Tavares e Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho

 

A Brisa é uma referência nacional e internacional na gestão e exploração de auto-estradas. Fundada em 1972 e adquirida pelo Grupo José de Mello em 2012, transformou-se numa das maiores operadoras de auto-estradas com portagens no mundo. Com elevado nível de inovação e tecnologia, sendo a Via Verde um case study internacional, tem vindo a desenvolver um novo posicionamento corporativo focado na mobilidade, com novas abordagens e soluções. A inovação é, inclusive, um dos quatro valores da Brisa. Os outros três são: ética, excelência e pessoas.

Catarina Tendeiro, directora de Recursos Humanos da KPMG Portugal e Angola conduz a entrevista a Pedro Rocha e Melo vice-presidente da Brisa.

A Brisa nasce como uma empresa de infraestruturas, de engenharia. Como descreve a sua evolução até ao dia de hoje?

A Brisa é uma empresa de excelência. É essa excelência que tem procurado desde o início, e tem-no feito sempre através das pessoas. Começou em 1972, como empresa privada, para concorrer a uma concessão de obra pública, para construir auto-estradas. Desenvolveu muitas competências, na área da engenharia, de projecto, de concessão e de fiscalização. Essa foi a forma como a empresa nasceu. Mas rapidamente desenvolveu competências de operação e manutenção. Diria que, nestas áreas, a Brisa está no top mundial, em termos das capacidades que desenvolveu.

Em paralelo, desenvolveu também competências na área financeira. Por já ter passado por dificuldades de financiamento, competências como a gestão rigorosa de custos foram determinantes para aquilo que a Brisa é hoje. Apesar de ter nascido totalmente privada, chegou a ter o Estado como maior accionista, durante muitos anos, tendo passado por um processo longo de privatização. Depois foi cotada na bolsa e hoje é uma das três empresas portuguesas que tem um rating acima da República de Portugal. Foi sempre crescendo, acrescentando novas competências.

 

«Valorizamos pessoas proactivas, dinâmicas, inovadoras, com espírito de equipa e, simultaneamente, valorizamos muito a humildade.»

 

 

Se tivesse de identificar os três grandes desafios que a Brisa teve que enfrentar, de 1972 até hoje, quais seriam?

O primeiro desafio foi a construção das auto-estradas, que trouxe desafios tremendos ao nível da gestão de pessoas, pois durante anos a fio tivemos pessoas no estaleiro, e na obra, a percorrer o país, de norte e a sul. E não posso deixar de referir que pessoas da Brisa morreram neste processo. Foi duro…

O segundo desafio é o da operação, 24 horas por dia, com volumes de tráfego muito significativos, por todo o país, com pessoas permanentemente nas vias a dar assistência aos condutores. Outro grande desafio é o do financiamento. Só com uma capacidade de gestão financeira muito forte foi possível superarmos dificuldades como por exemplo esta última crise, que nos trouxe problemas sérios, numa altura em que a Brisa estava a concluir o seu programa de conclusão de auto-estradas. Mas foi também superado.

 

O percurso da Brisa fica também marcado pela inovação. A Via Verde, por exemplo, é um case study internacional. Como surgiu essa ideia?

Como em muitas inovações, a Via Verde surgiu de uma necessidade muito concreta. Quando em 1991 foi aberta a portagem de Carcavelos, na A5, previa-se que houvesse muito tráfego. Para evitar isso, era preciso encontrar uma forma de as pessoas pagarem, sem parar, algo absolutamente novo em termos mundiais. E como a inovação depende sobretudo das pessoas, é impossível não referir José Braga, na altura director de Exploração da Brisa, e Gastão Jacquet, então responsável pelo núcleo de investigação e desenvolvimento electrónico. Foram estas duas pessoas que pensarem que tiveram a ideia e descobriram na Noruega um sistema de controlo de acessos e trouxeram a tecnologia para Portugal, adaptando-as à cobrança de portagens nas auto-estradas.

A Brisa nunca parou de investir e inovar, a partir dessa tecnologia, integrando-a em todos os sistemas operacionais que tinha. Hoje saiu das auto-estradas e tem várias outras utilizações, como por exemplo cobrar em sistemas fechados. Vendemos soluções integradas de cobrança de portagens, nomeadamente nos Estados Unidos, com contratos muito interessantes, e com base numa inovação de 1991.

Leia a entrevista na íntegra na edição de Abril da Human Resources.

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