Cinco tendências tecnológicas (inevitáveis) para este ano

O estudo TechnoVision Top 5 Tech Trends to Watch in 2024, da Capgemini, revela quais as tecnologias que deverão atingir o ponto de viragem ao longo deste ano.

Tecnologias para acompanhar em 2024: 1. IA generativa: o pequeno será o mais valorizadoNo final de 2022 e ao longo de todo o ano de 2023, a IA generativa fez uma entrada triunfal nos panoramas tecnológico e económico em todo o mundo, dominando todos os debates e gerando muitas expectativas no que diz respeito ao seu possível impacto económico. A questão que agora se coloca é a de saber se irá manter este nível de protagonismo mediático em 2024. A resposta curta é sim.

É expectável que, apesar de se manter o desenvolvimento dos actuais “grandes modelos de linguagem” (Large Language Models, ou LLM), a necessidade de modelos mais pequenos e mais competitivos venha a aumentar consideravelmente. Os modelos irão tornar-se cada vez mais pequenos de modo a poderem ser executados em instalações mais compactas e com capacidades de tratamento limitadas, incluindo na extremidade das nossas redes ou em arquitecturas empresariais mais pequenas.

Em 2024, as novas plataformas de IA também irão combater de forma mais eficiente as “alucinações”, associando modelos de IA generativa com informações de alta qualidade provenientes dos Knowledge Graphs. Apoiando tudo isso, surgirão plataformas que fornecerão ferramentas para as empresas aproveitarem a IA generativa sem a necessidade de disporem de um amplo conhecimento técnico.

A longo prazo, veremos a criação de redes interligadas de modelos concebidos e ajustados para tarefas específicas e ao desenvolvimento de verdadeiros ecossistemas generativos multiagente.

 

2. Tecnologias quânticas: quando o cyber se une ao quantumEstá em curso uma verdadeira corrida às armas cibernéticas, e na qual os avanços no poder da computação devem ser alcançados através de mecanismos de defesa digital reforçados. Por exemplo, a IA e o Machine Learning (ML) estão a ser cada vez mais usados na detecção de ameaças e o modelo de Zero Trust está a converter-se no standard de eleição à escala mundial. No entanto, impulsionada pelo desenvolvimento da computação quântica, surgiu recentemente uma nova ameaça que pode tornar obsoletos os standards criptográficos actuais, como o RSA e o ECC.

Assim, o desenvolvimento de algoritmos resistentes à computação quântica transformou-se num imperativo para assegurar a privacidade e a segurança dos dados no futuro. Nos Estados Unidos, os standards Post Quantum Cryptography, ou seja, algoritmos de criptografia que supostamente resistem a ataques quânticos, serão publicados em 2024 pelo Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST).

O Quantum Computing Cybersecurity Preparedness Act exige que as organizações públicas e privadas que trabalham para o governo dos EUA migrem para a criptografia pós-quântica dentro do prazo de um ano após a publicação dos standards NIST. Pelo que este tema estará certamente no centro das preocupações dos líderes em 2024.

3. Semicondudores: A Lei de Moore não morreu, mas está a mudarOs semicondutores são os bens mais comercializados em todo o mundo (à frente do petróleo bruto e dos veículos motorizados), e são um pilar fundamental da transformação digital. A Lei de Moore afirma que o poder de computação de um microchip duplica a cada dois anos, enquanto o seu custo sofre uma redução para metade. Estará esta teoria a atingir os seus limites físicos e económicos? Em 2024, a indústria de semicondutores está perante o início de um período de grandes transformações em muitos aspectos.

Os chips alcançaram os 2nm e os transístores a dimensão de alguns átomos. A necessidade cada vez maior de investimento, quer em pesquisa e desenvolvimento, quer em equipamentos de produção de chips de última geração, começa a constituir um verdadeiro desafio até mesmo para os maiores fornecedores.

Justamente por isto, espera-se que em 2024 a Lei de Moore venha a sofrer novas evoluções e que venham a surgir novos paradigmas: embora a miniaturização dos chips esteja a aproximar-se do seu limite físico absoluto, o poder da computação continuará a aumentar através do chip stacking 3D, bem como das novas inovações na ciência dos materiais e das novas formas de litografia.

4.Baterias: O poder da nova químicaMelhorar o desempenho e reduzir os custos das baterias é uma meta importante tanto para empresas, como para governos, já que em todos os países os riscos industriais envolvidos são elevados. O objectivo é apoiar a mobilidade eléctrica e acelerar o armazenamento de energia de longa duração, fundamental para impulsionar a transição energética para as energias renováveis e para as redes inteligentes (smart grid).

Ao mesmo tempo que o LFP (ferro fosfato de lítio) e o NMC (níquel magnésio cobalto) dominam cada vez mais as aplicações em veículos eléctricos, estão a ser exploradas várias tecnologias no âmbito da química das baterias, como por exemplo as baterias sem cobalto (sodium-ion) ou de estado sólido, que irão ter novos desenvolvimentos em 2024.

As baterias sem cobalto representam uma grande mudança na tecnologia das baterias, principalmente no que diz respeito aos veículos eléctricos, já que oferecem uma capacidade de armazenamento elevada por um preço que se tornará inferior ao das baterias tradicionais. Também permitirão reduzir a dependência de materiais como o lítio, o níquel, o cobalto, os minerais de terras raras e o grafite, oferecendo uma vida útil mais longa e níveis de segurança mais robustos.

5.Tecnologia espacial: Enfrentar os desafios da Terra a partir do espaço sideralA humanidade prepara-se para regressar à Lua em 2024. Este interesse renovado pelas tecnologias espaciais visa impulsionar descobertas científicas e ajudar a resolver os desafios mais críticos da Terra, incluindo a monitorização dos riscos e dos desastres climáticos, melhorar o acesso às telecomunicações, bem como a defesa e a soberania.

Esta Nova Era Espacial é impulsionada não apenas por agências governamentais, mas também por entidades privadas – desde start-ups a grandes corporações, e é apoiada por várias tecnologias, como o 5G, os sistemas avançados de satélite, a big data, a computação quântica.

Espera-se que, em 2024, isto venha a contribuir para acelerar a inovação e para apoiar projectos tecnológicos muito promissores nos campos da propulsão sustentável das naves espaciais (sejam elas eléctricas ou nucleares), das novas constelações de satélites em órbitas terrestres baixas que permitam comunicações fluídas, e da criptografia quântica.

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