CIP acredita que as medidas de apoio deixam empresas em posição «mais fragilizada»

O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, disse hoje que as medidas do Governo de apoio às empresas aumentam o endividamento ou acarretam «encargos pesados», que as vai colocar numa «posição mais fragilizada».

 

António Saraiva, que interviu esta manhã na conferência «Sinais Vitais – Aceleração Rumo ao Futuro», no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, considerou que, à excepção do lay-off simplificado, as medidas do Governo de apoio às empresas, face aos efeitos da pandemia de COVID-19 na economia, «ou aumentam o endividamento ou acarretam encargos pesados» num futuro próximo.

«O endividamento colocará as empresas numa posição mais fragilizada», considerou o presidente da CIP.

Para o representante das empresas, há que acautelar situações em que as empresas sobrevivem à pandemia, mas ficam em dificuldades financeiras que as impedem de investir.

Assim, para a CIP, devem ser adoptadas medidas com vista à capitalização das empresas, sugerindo a criação de um fundo de fundos, com três mil milhões de euros, disponíveis através dos fundos de capital de risco.

A CIP propôs ainda a criação de garantias de Estado em incentivo não reembolsável, o reforço do capital de risco, a ampliação dos incentivos fiscais a capitalização, o reforço das linhas de crédito, os pagamentos a pronto por parte do Estado, o apoio do Estado nos seguros de crédito, tanto na exportação como no mercado interno, e o «forte apoio» governamental à formação «em larga escala» dos trabalhadores, para que aumentem as suas competências e se tornem mais competitivos no mercado de trabalho.

«É preciso agora evoluir rapidamente para um verdadeiro programa de recuperação mais ambicioso», defendeu António Saraiva.

O presidente da CIP considerou ainda que a pandemia gerou um «importante alerta» para excessivas dependências criadas pela globalização, destacando a necessidade de garantir que, no futuro, as cadeias de abastecimento estejam mais próximas dos locais de consumo, bem como reduzir a «dependência excessiva da China».

Quanto à resposta da Comissão Europeia àquilo que classificou como a «maior queda da actividade económica» de que há memória, Antónia Saraiva considera-a de «dimensão apreciável».

O responsável acrescentou que Portugal tem a oportunidade de recorrer em breve a um montante «muito considerável» e, como tal, entende ser tempo de repensar o programa nacional de investimentos, definindo, desde já, estratégias de políticas públicas e estratégias empresariais.

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