
Coaching na Transformação Cultural
Por Carlos Sezões, Managing Partner da Darefy – Leadership & Change Builders
A transformação cultural está na agenda da maioria das organizações. Empresariais e não só. Face a “impulsos” internos ou externos, genericamente procura-se realinhar atributos e respectivos comportamentos. Por exemplo, maior colaboração, flexibilidade e agilidade. Ou maior meritocracia e orientação ao resultado (mais que a mera orientação aos processos).
Tenho por experiência própria, em vários sectores e geografias, que o Coaching (e, nomeadamente, o Executive Coaching), é o mais poderoso instrumento de desenvolvimento de competências e de mudança organizacional. É o mais focalizado, cirúrgico e “impactável” em termos de resultados. Partindo do seu auto-conhecimento, permite ajudar um gestor a encontrar o caminho para a performance, a aprender e a consolidar hábitos que o tornem mais eficaz – em contexto organizacional, num “ecossistema” em que a natureza da Cultura e as características da Equipa tornam cada desafio único.
Acredito que, no cerne de qualquer mudança cultural, está a necessidade da liderança incorporar e modelar a mudança que procura incutir. O coaching oferece aos líderes a oportunidade de interiorizar profundamente os valores culturais desejados e refletir sobre a forma como os seus comportamentos atuais apoiam (ou dificultam) esse propósito. Através de um processo de coaching estruturado, os líderes tornam-se mais conscientes das discrepâncias entre a cultura existente e o “estado futuro” desejado, e obtêm as ferramentas e o apoio necessários para colmatar este gap.
Um aspeto fundamental do coaching executivo é o seu foco na melhoria da autoconsciência e da inteligência emocional. Estas qualidades são particularmente importantes em tempos de transformação, quando os líderes têm de lidar com a resistência, promover a confiança e comunicar a mudança de forma eficaz. E criar a segurança psicológica e de abertura vital para que a mudança cultural se estabeleça.
Outra contribuição crucial do coaching é a forma como promove a consistência e a responsabilidade. A cultura não é apenas moldada por declarações pomposas de missão, visão e valores, em suportes físicos ou digitais. É reforçada pelos comportamentos e decisões diárias. Um gestor para garantir que as suas ações estão alinhadas com os objetivos culturais mais amplos da organização. Isto envolve a integração de novos valores em “touchpoints” concretos, como a tomada de decisão, gestão de desempenho e momentos de feedback. Ao fazê-lo, o coaching ajuda no walk the talk – transformar o esforço de transformação da retórica em realidade.
O coaching também desenvolve nos líderes com as competências e a confiança necessárias para impulsionar mudanças através da organização – numa óptica transdepartamental. Uma transformação cultural eficaz exige que os líderes articulem uma visão convincente, envolvendo os outros nessa visão e ajudando as suas equipas a adaptarem-se. Através do coaching, os executivos aprendem a liderar iniciativas de mudança, a gerir a dinâmica dos stakeholders e a construir “coligações” internas de apoio.
Por último, o coaching apoia líderes executivos no seu papel de “change champions” — indivíduos que modelam novas formas de estar e inspiram outros a segui-las.
Em suma, o Executive coaching atuará como uma “alavanca estratégica” na transformação da cultura empresarial, capacitando os líderes para modelar a mudança e liderar com autenticidade. Quando integrado numa iniciativa de mudança mais vasta, aumenta as probabilidades de uma evolução cultural sustentável e com significado para todos.