Como a Realidade Aumentada está a mudar as empresas

O ano de 2017 tem sido marcado pela Buzzword Mixed Reality. A Internet enquanto two way communication está a ficar cada vez mais ultrapassada, dando lugar à convergência do mundo real com elementos digitais, produzidos pela realidade aumentada e pela realidade virtual.

 

Por Luís Martins, Head of Marketing da IT People Innovation

 

A Internet já não é só um espaço onde eu vou para ver ou pesquisar alguma coisa. É antes algo que posso usar, que permite interação e que influencia grandemente a minha forma de ver o mundo e de me relacionar com os outros.

Esta mudança de paradigma deve-se em grande parte ao surgimento das tecnologias de Realidade Aumentada (RA), Realidade Virtual (RV) e Mixed Reality (MR). Com elas, a tecnologia deixa de estar simplesmente num ecrã de computador ou no nosso bolso, através de um smartphone, para passar a fazer parte de nós. Com a RA conseguimos colocar objetos virtuais no mundo real, alterando a forma como vemos e interagimos com a realidade. Assim, o nosso “ecrã” passa a ser a própria realidade.
E este cenário não é de todo futurista. Hoje em dia, através de Apps de Realidade Aumentada, o simples gesto de apontar um smartphone para o horizonte permite-nos entrar numa outra dimensão de “camadas virtuais”, onde hologramas e avatares surgem à nossa frente e nos ajudam a interagir com o mundo, numa atitude cada vez mais self-service. E se possuirmos uns Head Monted Displays – os tão conhecidos smartglasses – as potencialidades tornam-se ainda maiores.

Perante todas as possibilidades que a tecnologia nos dá, as empresas e os próprios consumidores naturalmente não ficam indiferentes a estas novas realidades. Vejamos o que aconteceu com o fenómeno “Pokémon GO”: não só milhões de pessoas descarregaram a App e ficaram “viciadas” no jogo que utilizava RA para posicionar os tão famosos Pokémon no mundo real, como inúmeras marcas em diversas partes do mundo começaram a tirar partido do jogo e da tecnologia para chegar junto dos consumidores.

Observamos, por isso, uma tendência de cada vez maior utilização da Realidade Aumentada e Mixed Reality no âmbito profissional e, particularmente, na gestão de pessoas. Senão vejamos:

– O processo de recrutamento de um potencial candidato para uma empresa tem vindo a ganhar novas dinâmicas. Através do uso de Smartglasses, o candidato já não precisa de estar no espaço real da empresa para conhecer os seus escritórios, métodos de trabalho ou as pessoas que aí trabalham. Uma empresa pode proporcionar ao candidato a possibilidade de “viajar” pelos seus escritórios, mesmo à distância. E se falarmos de uma multinacional, com diversos escritórios e espaços diferentes, o candidato poderá conhecer todas as áreas em tempo real e em 3D, mesmos sem sair de sua casa.

– Os Recursos Humanos das empresas podem também ganhar uma nova vida ao possibilitar aos funcionários obter uma mobilidade e flexibilidade extrema, permitindo-lhes por exemplo, aceder ao escritório e contactar com os colegas quando e onde entenderem.

– Com a RA, as empresas podem oferecer aos seus funcionários em training a possibilidade de simularem situações reais, aprendendo e evoluindo nas suas tarefas autonomamente. Por exemplo, com óculos de Realidade Aumentada, um mecânico de aviação poderá aprender a consertar determinada parte de um avião de uma forma muito mais assertiva. Com os óculos, o funcionário pode visualizar, em 3D e sob a própria realidade, as tarefas que tem que executar, aprendendo de forma muito prática a executar essa tarefa.

– Trabalhar na planta de um projeto de arquitetura com os funcionários intervenientes em partes distintas do Mundo- tendo a hipótese de a ver e desenvolver trabalho em conjunto- deixa de ser apenas uma suposição. Ver a planta de um projeto de uma casa projetada no espaço real e poder viajar pelo seu interior, permite desenvolver trabalho de forma cada vez mais eficiente e otimizada.

A possibilidade de podermos transformar o ambiente circundante numa interface digital, onde objetos virtuais são transpostos para o mundo real, significa transformar o nosso comportamento social e a forma como o business world se move. Os especialistas da AREA (Augmented Reality for Enterprise Applications) definem 2025 como um ano onde teremos acesso a milhões de dispositivos com Realidade Aumentada integrada.

No sector empresarial, o potencial é infindável, no entanto ainda teremos que aguardar mais algum tempo para a adoção desta tecnologia devido aos elevados custos que envolve. No entanto, a curiosidade fará com que as empresas melhorem a sua atuação organizacional a nível interno e, sintam a necessidade de explorar esta nova uma nova forma de new business process.

Num contexto em que a tecnologia está a acelerar a nossa vida e as máquinas alteram a forma como trabalhamos, a Realidade Aumentada dá-nos o poder de aumentar a nossa percepção em contexto de trabalho e com ela, sermos mais capazes de tomar decisões informadas. E essas somos sempre nós a tomar.

Texto escrito ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, em vigor desde 2009.
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