Portugal antes do 25 de Abril: que direitos (não) tinham os trabalhadores, em geral, e as mulheres, em particular?

Após mais de quatro décadas de ditadura, a Revolução dos Cravos trouxe liberdade a Portugal a 25 de Abril de 1974. Mais do que liberdade de expressão e eleições democráticas, foram vários os direitos conquistados, nomeadamente da classe trabalhadora, e das mulheres, em prol da melhoria das condições de vida.

 

No 50.º aniversário do 25 de Abril, é importante olhar em retrospectiva para o caminho percorrido no mundo laboral e na protecção e melhoria de condições de vida dos trabalhadores.

 

O mundo laboral antes do 25 de Abril de 1974:

  • Greves, associações sindicais e manifestações eram proibidas;
  • Não havia salário mínimo (foi fixado no final de Maio em 3.300$00);
  • Cada empregador pagava o que queria aos seus trabalhadores;
  • A semana de trabalho era de seis dias e o horário semanal de 48 horas (passou a haver dois dias de descanso e as horas seriam reduzidas para 44 em 1991, e 40 em 1996);
  • Não havia direito a férias;
  • 13.º e 14.º meses não existiam;
  • Não havia pagamento para trabalhadores em regime de turnos;
  • Os despedimentos sem justa causa eram permitidos;
  • Não havia subsídio de desemprego nem pensões sociais;
  • Licenças de parto ou de maternidade não estavam contempladas;
  • Eram proibidas as associações ou reuniões de grupos de pessoas;
  • Era proibido festejar o Dia do Trabalhador.

 

As mulheres antes do 25 de Abril:

  • Só podiam votar se tivessem concluído o curso secundário ou se fossem viúvas (31% das mulheres eram analfabetas, segundo a Pordata);
  • As mulheres só podiam trabalhar com a autorização do marido e ganhavam menos 40% do que os homens;
  • Não podiam ser juízas, diplomatas ou polícias;
  • Não podiam viajar sozinhas para fora do País sem autorização escrita do marido;
  • Enfermeiras, telefonistas e hospedeiras da TAP não se podiam casar;
  • As professoras só podiam casar com autorização especial e desde que cumprissem três requisitos: o noivo tinha de apresentar um atestado de bom comportamento moral e cívico; o noivo tinha de comprovar que tinha um ordenado superior e que possuía meios suficientes para a sustentar; e o casamento tinha de ser autorizado pelo Governo;
  • Não havia turmas mistas nas escolas. Por vezes, as raparigas iam da parte da manhã e os rapazes da parte da tarde. A maioria dos liceus eram masculinos ou femininos;
  • As pessoas casadas pela Igreja não se podiam divorciar;
  • As mulheres que tinham filhos de outras relações não tinham protecção legal, nem acesso a hospitais.

A Revolução de Abril trouxe inúmeras alterações sociais, políticas e económicas, que se fizeram sentir em todos os espectros da sociedade. No contexto laboral, em particular, procurou garantir-se a segurança do posto de trabalho, a igualdade de direitos e oportunidades, e a promoção de melhores condições laborais e de vida.

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