Como ser líder em tempo de pandemia?

Por Ana Torres
MS Europe Cluster Lead, Pfizer RD
Presidente da PWN Lisbon

Esta é uma pergunta recorrente em artigos, debates e palestras. A liderança tem valores que não mudaram com a Pandemia, o que se passou foi um ajuste de prioridades nas competências de liderança e um somatório de outras características que não eram necessárias até 2020.

Comecemos pelo ajuste de prioridades relativamente às competências de liderança. Na pandemia, apos uma análise inicial da situação, foi necessário tomarmos decisões com base na incerteza, ou seja, com cenários alternativos aos existentes, que eram ajustados ao momento em que se conhecia mais um pouco, ou mesmo quando se lidava com o desconhecido. Existiam temas concretos que tinham de sofrer alterações no imediato, como o caso do trabalho a partir de casa (para Empresas que ainda não experienciavam esta realidade) que implicava uma lista de alterações: mudança de equipamento informático do escritório para casa, alteração e flexibilização do horário, subsídios devidos, assegurar os meios para o desempenho profissional digital, e por aí vamos.

Relativamente às competências que ate agora não estavam tao presentes na vida dos Lideres, estes tiveram de se ajustar em tempo record pois, o mundo confinou, mas não parou!

Com o confinamento muitas das certezas do negócio existente ate aí, foi questionado. O modelo tinha de ser alterado ou em Alguns casos desapareceria, assim, estávamos mais focados na sobrevivência do negócio, do que que no crescimento, fator chave de competitividade vivido até março de 2020. A forma de comunicação com os clientes, o canal de distribuição, o desbloquear de limitações fronteiriças para receber ou enviar mercadoria, a questão da confiança ganha digitalmente, enfim, tantas mudanças disruptivas que tiveram de encontrar resposta no Líder com visão na incerteza, mas também das equipas que acompanham a mudança e que não tiveram receio de tomar decisões arriscada, encontrando caminhos alternativos e inovadores.

Agora olhando com alguma distancia, percebemos que a reação foi mais rápida de algumas organizações que já preparavam a digitalização dos serviços que podiam ser prestados a distância, e que foram atempadamente preparando as equipas para encontrar soluções viáveis e flexíveis perante as mudanças. Também as organizações que tinham idealizado cenários mais extremos, preparando os colaboradores para encontrarem soluções nunca antes experimentadas, conseguiram adaptar-se de forma camaleónica e anteciparam mais cedo o que deveria ser alterado, mesmo na cultura das Organizações. Um ótimo exemplo foram as empresas que rapidamente encontraram canais de comunicação e distribuição adequados a quem estava em casa, mas também temos o extremo oposto, de empresas que esperaram para ver o que iria acontecer, e que ainda hoje pensam em voltar a fazer tudo como antes da Pandemia, isso será o pior que nos pode acontecer como sociedade.

Termino com uma nota positiva, de que criámos uma nova realidade com a informação e ferramentas de que dispúnhamos, mas muito ainda temos de aprender para enfrentar futuras mudanças não previsíveis, encarando de forma mais organizada a incerteza. Quanto mais ensinamentos retirarmos das experiências vividas, melhor estaremos preparados para liderar o futuro.

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