Como ser uma “healing organization”

Por Isabel Moço, coordenadora e professora da Universidade Europeia

Mais uma expressão em inglês que a simples tradução para a língua portuguesa, retira peso e significado – “healing organization”, a razão pela qual a vamos usar exatamente assim. Uma “healing organization” é uma entidade que, no seu plano para cumprir o seu propósito e objetivos, entende o fator trabalho – entenda-se, pessoas e o que elas produzem, como importante para si, para as pessoas e para as comunidades, procurando dignificá-lo.  São entidades que priorizam o desenvolvimento das suas pessoas, o seu bem-estar e, em todas as frentes, contextos de trabalho positivos e promotores da dignidade de cada uma dessas pessoas.

Mas, uma” healing organization” é mais do que isso: é uma organização que entende, de uma forma holística e inclusiva, o papel de todas as pessoas envolvidas – trabalhadores, clientes, parceiros e comunidade em geral, como variável determinante para o seu sucesso. Nestas organizações, tanta importância tem a sustentabilidade financeira do negócio, como a relação positiva entre as partes envolvidas, o impacto ambiental ou mesmo o índice de bem-estar alcançado. São organizações que se regem por princípios de responsabilidade social corporativa, de forma multidirecional, e que se norteiam pela noção de “bem comum”.

As “healing organizations” promovem culturas fortes, inclusivas e saudáveis e, por princípio, entendem a pessoa no trabalho, na sua essência – ou seja, o ser humano, com as suas necessidades, expectativas, desejos, ambições e emoções, para além daquilo que são os outcomes que dela são esperados. Caracterizam-se por:

  • redução da incerteza e promoção de ambientes seguros, saudáveis, estimulantes e humanizados de trabalho, quer a nível físico quer psicossocial, considerando, por exemplo, espaços de lazer, convívio, descanso ou reflexão, ou mesmo apoio psicológico, emocional ou até financeiro;
  • promoção e incentivo de práticas de responsabilidade social e sustentabilidade, começando por o assumir internamente (começar com a ética, conduta e responsabilidade social interna) e envolvendo as pessoas nesses objetivos e depois estendendo às comunidades com que interage;
  • ambientes de valorização, recompensa e reconhecimento, promovendo o respeito, o equilíbrio entre esferas de vida, a empatia e a colaboração;
  • promoção contínua e continuada das pessoas, quer seja na dimensão pessoal quer profissional, através de programas de desenvolvimento dos seus saberes, habilidades e competências bem como;
  • Construção o dinamização de canais, processos e atitude promotoras de um clima de comunicação aberta e transparente, em que as pessoas se sintam escutadas, mas também estimuladas a partilhar.

Uma “healing organization” é certamente onde cada um de nós quererá entregar o melhor de si no trabalho, mas também o desejo de quem gere negócios e pessoas. Então, porque continuamos a deparar-nos todos os dias com organizações, e pessoas, tóxicas? Porque ser uma “healing organization” requer que os princípios mais humanistas da gestão sejam o Norte, e nem sempre essa é a prioridade. No entanto, se estão comprovados os benefícios, quer para pessoas, quer para organizações, e numa época em que todos lutamos pelos melhores recursos, não será então tempo de cada gestor contribuir para fazer da sua organização “o verdadeiro melhor local para trabalhar”?