Como será o futuro da indústria portuguesa na era pós-COVID?
O grupo Clarke Modet organizou uma mesa redonda digital sobre o futuro da indústria em Portugal durante e no pós-covid, que contou com a moderação da sua directora-geral em Portugal, Ana Maria Morato.
Participaram neste debate Nuno Correia, director de Unidade Material e Estruturas Compósitas do Instituto Nacional de Engenharia e Gestão Industrial (INEGI); Luís de Matos, CEO da Follow Inspiration e Ricardo Ferreira, director de Engenharia da Polisport Plásticos S.A.
Entre os três, foi ponto assente que Portugal tem uma indústria fortemente diversificada e daí as várias perdas que se sentem nesta fase também.
Enquanto Ricardo Ferreira destacou como principais factores de competitividade da nossa indústria a versatilidade, produtividade, capacidade de adaptação á mudança, a rápida reação aos mercados e à economia e recursos humanos altamente qualificados e valorizados globalmente, Luís de Matos reforçou esse facto, considerando que os engenheiros portugueses são os melhores do mundo. «O que é preciso é mudar alguma da mentalidade neste novo paradigma.» Já Nuno Correia, foi ao encontro desta ideia e explicou que a principal transformação a ocorrer deverá ser cultural, nas questões de negócio, competências técnicas e na capacidade de perspetivar as oportunidades. Empresas mais ativas e menos reativas em termos de transformação digital.
De forma a ir ao encontro da especialização da maioria dos sectores, todos consideram determinante aumentar o número de pessoas com interesse em participar e contribuir na área das engenharias, encontrando formas que permitam a retenção de talento no país, especializando-os e definindo muito bem uma linha estratégica futura. Finalmente, a fomentação da transferência tecnológica contínua no país.
O facto de em Portugal existir uma elevada componente de empresas internacionais a serem implementadas pela capacidade de inteligência artificial e biodata é muito benéfico. Para lá do posicionamento na digitalização, todos os oradores consideraram que se deve começar a colocar o desing and made in Portugal nos mais variados produtos.
«Não poderia estar mais de acordo com os excelentes intervenientes neste painel de debate. Além da pertinência e utilidade de colocar, nesta altura, essa assinatura nos produtos portugueses, é uma forma inteligente de promover o tecido empresarial português. De igual modo, penso que ficou clara e unânime a necessidade de começar a dar valor ao ativo intangível. O investimento é elevado e o retorno não é imediato, mas é preciso começar a dar mais importância ao valor real», referiu, Ana Maria Morato, directora-geral da Clarke Modet para Portugal.
Em jeito de balanço final, foi ainda ressalvado o facto desta área da propriedade industrial necessitar de mais investimentos por parte do Estado nesta fase tão difícil para vários sectores.