Compensação & Benefícios – Uma Alteração de Paradigma?

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

 

Emerge o consenso, em particular na Economia Europeia, de que certos modelos atuais de compensação são imperfeitos. As Organizações de maior dimensão constroem mesmo comités de remuneração para se dedicarem à análise mais profunda desta temática.

Muito está a mudar no mundo laboral! E a pandemia ao colocar pressão sobre as políticas de Gestão de Pessoas, trouxe para a primeira linha a Compensação & Benefícios. Estudos recentes apontam que “uma clara e imediata recompensa pelo sucesso motiva as Pessoas e promessas com extensão ou impacto no futuro, as desmotiva”. Sinais dos tempos, em que uma crise sanitária torna as necessidades e expetativas com carater de urgência.

Outras conclusões são inequívocas: a maioria dos executivos sente desconforto ao lidar com fatores de risco e valorizam a justiça retributiva na comparação com os pares. De salientar que não trabalham exclusivamente por dinheiro – benefícios e regalias são determinantes, assim como uma tónica de realce no Reconhecimento. Complexidade e ambiguidade nos modelos retributivos destroem uma performance com Valor.

Uma retribuição financeira fixa e um pacote de benefícios reduzido e de caraterísticas transversais já não responde a uma relação laboral capaz de atrair, reter e motivar o Talento. Há que equacionar uma Proposta de Valor para as Pessoas bem mais desafiante.

Esclareça-se que o salário é importante, mas fundamental é um rendimento que permita uma vida confortável. A experiência diz que a aplicação sistemática de percentagens incrementais aos salários são desadequadas, pelo que fazer depender a compensação das Pessoas por uma única via tenderá a ser prejudicial.

O importante é que se remunere o desempenho e o contributo de cada Pessoa para a Organização, que se crie um ambiente com elevado nível de colaboração e partilha e que se enquadre a retenção de Talentos, na base de boas condições e ambiente de trabalho, perspetivas de desenvolvimento e formação, bem como perspetivas de carreira.

As tendências passam por fazer com que as Pessoas percecionem o valor da sua compensação (Comunicação eficaz), permitir ao colaborador ter autonomia para escolher como compor a sua compensação (Modelo Flexível), adequar a compensação a diferentes níveis (Segmentação), ter a consciência que a concorrência pelos melhores é alargada (Oferta diversificada e global), além de que se podem oferecer benefícios atrativos para ambas as partes (Equilíbrio Fiscal).

Reorganizar ou desenvolver novos sistemas de compensação significa suportar e reforçar os objetivos de negócio, a Cultura e os comportamentos organizacionais, para obtenção de melhores resultados. Mas, igualmente, ser mais competitivo e com um posicionamento mais alinhado com o Mercado, sem esquecer a promoção da motivação das Pessoas e preservando o Talento.

A Compensação & Benefícios numa Organização não é simplesmente uma ferramenta. Em face do contexto atual, a melhoria da eficiência e eficácia retributiva irá passar pela personalização da Proposta de Valor a cada colaborador, de forma competitiva e em linha com os objetivos organizacionais e as necessidades e expetativas pessoais.

Ler Mais