COVID-19 fez aumentar as desigualdades no contexto educativo

O secretário de Estado Adjunto e da Educação, João Costa, considera que o pior aspecto da COVID-19 «foi o facto de ter aumentado as desigualdades no contexto educativo», tendo no entanto contraposto que as competências digitais acabaram por ser dos pontos «mais positivos exacerbados pelo contexto nacional».

 

A mensagem foi transmitida na Web Talk dedicada ao futuro da Educação, no âmbito do ciclo de conferências “A Step into the Future”, promovido pelo Jornal Económico e pela Huawei.

Neste evento, o coordenador do programa de competências digitais INCoDe.2030 referiu que a Educação passa por duas dimensões, o que se ensina e como se ensina. Nuno Rodrigues defende que os desafios tecnológicos que se colocam à educação «não se tratam apenas do acesso aos equipamentos, sendo necessário saber fazê-lo de forma construtiva e criativa, mas também de criar mais competências nos alunos». Para atingir esse objectivo, o coordenador do INCoDe.2030 garante que «é fundamental encontrar um equilíbrio entre a interacção pessoal e o ensino à distância».

Por sua vez, Paulo Jorge Ferreira, reitor da Universidade de Aveiro (UA), referiu-se ao ensino como uma dinâmica «cada vez mais personalizada e interactiva». Destacando o exemplo das universidades europeias e do qual a UA faz parte, Paulo Jorge Ferreira salientou «que se trata de uma tentativa de ultrapassar o conceito de diploma e substituí-lo, ou complementá-lo, pelo menos, ao nível da pós-graduação, pelo conceito de micro credenciais». Uma nova metodologia de ensino que deriva das potencialidades das plataformas digitais.

António Câmara, professor na Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e fundador da empresa YDreams, considerou que «muito mais do que disponibilizar dispositivos e soluções tecnológicas aos alunos, o ensino tem como ponto crítico ajudar os alunos a aprender, dar-lhes mundo através das leituras e incentivá-los a ter ideias». António Câmara destacou ainda que uma das principais falhas da educação, sobretudo, na área das ciências e tecnologias é a parte humanística, considerando que «a lista de leituras em Portugal comparativamente com outros países, é muito reduzida».

Rui Silva, head of Channel Education & Public Sector para o segmento empresarial da Huawei Portugal, defendeu que Portugal terá de investir fortemente na formação, capacitação e qualificação de professores e alunos para que estes se possam adaptar às novas formas de ensino. O responsável da refere que esta necessidade cria novas oportunidades tanto para instituições, como para empresas, assumindo que «terá de haver a capacidade de recolher, interpretar e utilizar dados para melhorarmos a experiência dos alunos nas instituições de ensino, o que também vai permitir uma gestão mais eficaz não só das infraestruturas das instituições de ensino, mas também dos serviços que podem entregar aos alunos».

Rui Silva também recordou que, ao longo dos últimos anos, no sector da educação, foram realizados múltiplos investimentos, criados programas e projectos com o objectivo de fazer não só o acompanhamento da evolução tecnológica, mas também para construir bases sólidas para aquilo que será o ensino do futuro.

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