Covid-19: Transparência e integridade: a sua importância para se ultrapassar os desafios

Nenhuma organização está imune a crises como esta que estamos a vivenciar e é nestas alturas complicadas que conseguimos distinguir os verdadeiros líderes. Rita Serrano, directora Comercial da Direcção de Coordenação de Retalho Sul dos CTT – Correios de Portugal, S.A., explica em de que forma a transparência e a integridade podem ajudar a liderar numa época de crise como a actual.

 

Por Ana Margarida Rodrigues, Hermes Rodrigues, Inês Oliveira, Joana Teixeira, Maitê Pinto, Teresa Teles, alunos de Sociologia e de Gestão de Recursos Humanos do ISCTE

Em situações de incerteza e insegurança, como aquela em que vivemos, a forma como se lidera determina em grande parte o desempenho de uma organização. «A gestão do negócio advém da gestão das pessoas, são elas sim que nos conseguem trazer os resultados», afirma Rita Serrano.

Nunca a transparência e a integridade assumiram um papel tão imprescindível nas relações organizacionais, uma vez que a transparência é a base da integridade que assegura a confiança interpessoal. Estas duas características, tão valiosas na liderança, estão relacionadas com a honestidade e com uma comunicação aberta e honesta, fulcrais para manter, não só a confiança, como também a motivação dos liderados.

Tendo em conta o panorama actual, Rita Serrano afirma que a organização teve de adoptar algumas estratégias para se adaptar às circunstâncias. A principal alteração foi a forma de comunicação na empresa, onde foi reforçada a importância de uma comunicação íntegra e transparente entre o líder e os seus colaboradores para que estes se sintam envolvidos e motivados. «Só assim, com transparência, é que nós conseguimos ter as pessoas connosco. Uma empresa que não é correcta com os seus colaboradores na forma como comunica, não vai ter bons resultados, porque é fundamental o envolvimento das pessoas e comunicarmos transparentemente. Eu não posso dizer hoje uma coisa e daqui a uma semana estou a dizer o contrário, não», sublinha.

Outra estratégia adoptada pela directora Comercial da Direcção de Coordenação de Retalho Sul dos CTT – Correios de Portugal para manter os seus colaboradores motivados é a aplicação dos princípios da filosofia de Kaizen, como «o não culpar e não julgar», uma vez que este modelo permite a definição de objectivos colectivos e individuais e, posteriormente, a identificação de estratégias utilizadas por colaboradores que obtiveram resultados positivos e que, por isso, possam ser adoptadas pelos restantes. Sendo extremamente importante haver uma comunicação coerente e sempre ao mesmo nível na empresa, de modo a mostrar consistência ao cliente e segurança aos colaboradores.

Rita Serrano frisada ainda a relevância da integridade quando se assumem compromissos, visto que, caso um líder assuma um compromisso para com os seus colaboradores e o mesmo não seja realizado, a equipa acaba por sentir que houve uma falha por parte do seu líder, havendo uma quebra na confiança. «Não assumi um compromisso numa decisão que não dependia de mim, eu não posso! E muitas das vezes eu acho que esse é o problema dos líderes. Nós temos um determinado escalão de competências até onde podemos ir. Não podemos exceder as nossas competências temos de ser sérios e sinceros com as pessoas», sublinha.

Na opinião de Rita Serrano, a falta de integridade e de transparência acaba por condenar a empresa ao fracasso. A perda de confiança das pessoas leva a que organização acabe por cair em desfalque, sendo que, neste tipo de situações, os colaboradores podem perder a motivação e, consequentemente, a produtividade. É necessária uma sincronização a 100% com a empresa!
Se assim não for, os colaboradores acabam por não reconhecer os valores morais e culturais da organização porque não reconhecem os seus líderes como tal. Isto pode levar a consequências bastante negativas para o bom funcionamento da empresa, «temos de liderar pelo exemplo. A liderança pelo exemplo é a melhor forma», assegura Rita Serrano.

Nem tudo o que esta situação de crise trouxe foi mau. De acordo com Rita Serrano, a pandemia acabou por aproximar os colaboradores, uma vez que estavam a viver uma situação de limite, «esta aproximação e entreajuda entre as pessoas foi fruto do modelo de comunicação ainda mais transparente e objectivo».

Uma comunicação eficaz, transparente e íntegra por parte dos líderes para com os colaboradores é essencial para que se alinhem as práticas e estratégias adoptadas com os valores da organização. Esta comunicação permite igualmente que a confiança e a motivação se mantenham, especialmente numa altura de crise onde os sentimentos de insegurança e medo predominam.

 

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