Crescimento da população em Portugal depende totalmente da imigração, garante demógrafa

Há quatro décadas que Portugal não consegue substituir as suas gerações. As estimativas apontam para alguma recuperação dos níveis de fecundidade, mas as projecções são «demasiado optimistas», disse a demógrafa Alda Azevedo à Fundação Francisco Manuel dos Santos.

A especialista revelou que o país está actualmente totalmente dependente da imigração para garantir o crescimento da sua população. O ponto crítico será atingido dentro de 16 anos. A partir de 2040, para evitar o declínio, serão «precisos saldos migratórios que nunca se observaram». Os impactos serão notórios no trabalho e na capacidade de produção do país.

Portugal tem, desde 1982, um índice de fecundidade abaixo de 2.1, com um mínimo histórico de 1.21, em 2013, quando o país atravessava uma crise. Em 2022, fixou-se em 1.43.

«De acordo com as Nações Unidas, vamos continuar a ter um crescimento muito lento. Será muito difícil chegar a aumentos significativos se não existirem alterações sérias às condições de vida dos portugueses: aumentos no salário médio, maior estabilidade laboral, melhor acesso à habitação, a possibilidade de trabalho a tempo parcial para famílias com filhos pequenos e uma rede de cuidados à infância mais eficaz», revelou a especialista.