De todas as profissões emergentes da IA, esta é a função que as empresas devem criar já em 2024

Este cargo exigirá um conhecimento profundo de Inteligência Artificial (IA) e de todos os seus derivados. Uma formação em filosofia também vai ajudar. A Fast Company revela qual é.

 

O tom e o teor à volta da Inteligência Artificial (IA) mudaram de “eliminação” de empregos para a “criação” de empregos. A tecnologia vai mesmo originar novas funções, muitas na verdade. A questão é que tipos de empregos. Uma das posições mais recentes e importantes resultantes da revolução da IA será a de “eticista” – parte guardião, parte filósofo.

A principal função do especialista em ética da IA será fazer perguntas profundas. Se pensarmos no personagem interpretado por Jeff Goldblum em Jurassic Park, o Dr. Ian Malcolm acredita que os criadores do parque temático de dinossauros não pararam para pensar se o deviam fazer. E é nesse “dever” que os especialistas em ética da IA terão de se concentrar.

 

Importância da função

  • Terá uma missão clara de garantir que a utilização da IA não seja apenas ética, mas também defensável, explicável e auditável.
  • Tal como acontece com qualquer tecnologia no seu início, serão necessários “vigilantes”. Existem regras para a descoberta de medicamentos, segurança alimentar, transporte e outros sectores. A responsabilidade pela IA vai ser do especialista em ética.
  • A IA ainda é amplamente mal compreendida. Um especialista que possa aconselhar, educar e garantir práticas seguras pode fomentar a boa vontade.

 

Construir confiança na IA

O cepticismo sobre o uso responsável da IA pelas empresas é elevado, indicam vários estudos. Isto contrasta com os CEO que estão totalmente envolvidos com a tecnologia e até sentem a necessidade de agir com alguma rapidez, para não ficarem em desvantagem perante a concorrência.

Esse desfasamento entre o nervosismo público e o optimismo dos CEO poderia ser superada com a presença de um especialista em ética na equipa, a “desconstruir” o tema de forma justa e consistente. Com a próxima geração de líderes empresariais a serem capacitados em IA, a tecnologia veio para ficar. Os especialistas em ética podem ser essenciais na construção da confiança.

Eles já existem na área da saúde. Os especialistas em ética médica, por exemplo, podem ajudar as famílias e os médicos a decidir sobre tratamentos. Um engenheiro de segurança determina quando um novo edifício ou ponte é seguro. Estes exemplos apresentam desafios e riscos com potencial de causar danos e podem ser críticos em várias áreas da vida.

Essa é a importância de compreender as implicações éticas da IA.

 

Ascensão a C-level

As empresas que utilizam IA passarão a ver os especialistas em ética como vitais para o negócio, tornando-o um dos empregos mais procurados no próximo ano. Eventualmente, tornar-se-á tão importante que poderá ascender a uma posição de alto nível, já que é necessário mais tempo para compreender o âmbito de responsabilidades da função.

Até esta nova função independente ser elevada a C-level, provavelmente reportará ao director de operações porque tem impacto nessa área.

O departamento jurídico, no entanto, provavelmente não será o melhor lugar no organograma corporativo porque um especialista em ética não pode ser um pensador livre quando é pressionado a defender legalmente a IA.

A função também não deve ser deixada nas mãos dos directores de informação ou de tecnologia. Eles tomarão decisões sobre IA com base nas suas responsabilidades, o que pode não ser do melhor interesse da organização ou dos colaboradores em geral.

 

Alinhar a lealdade

Onde está a lealdade de um especialista em ética? É para a organização ou para as pessoas que estão a ser protegidas? Essa questão surge frequentmente. Os especialistas em ética devem alinhar-se com o que é melhor para a humanidade.

No entanto, sabemos que haverá outras influências nas organizações. O CEO da OpenAI, Sam Altman, por exemplo, disse que espera que a IA tenha aproximadamente a mesma inteligência do que um «ser humano médio que poderia contratar como colega de trabalho». Parece que a lealdade dele é para com a tecnologia.

Um contraponto seria que precisamos de alguém com autoridade e poder de decisão nas organizações para garantir que o objectivo de manter os humanos informados seja realmente alcançado. Isso estaria alinhado com algumas das posições regulamentares nos Estados Unidos e na Europa à volta do envolvimento humano.

 

Profissões emergentes em IA

As funções que provavelmente surgirão em importância depois do “eticista” são as de curador de IA e gestores de IA humana.

Os especialistas em ética e os curadores poderiam trabalhar juntos na mesma organização, com responsabilidades diferentes, mas interligadas. O papel do curador torna-se extremamente importante quando se trata do uso táctico da IA.

Pensemos na IA como sinónimo de automação e inteligência. “Inteligência artificial” já não é uma definição precisa porque parece etérea. Não é. Na verdade, é mais prático. Automação e inteligência representam melhor o que a IA realmente significa. Os recrutadores de Recursos Humanos, por exemplo, usam a IA para lidar eficazmente com tarefas repetitivas, como agendamento de entrevistas.

Se pensaremos dessa forma, fica claro que haverá funções na automação. Esse é o domínio do curador. Trata-se de combinar automação e inteligência numa só para desempenhar uma função valiosa em escala para as organizações.

À medida que a IA se torna um componente integral de equipas de alto desempenho, é necessário que os gestores compreendam e naveguem em organizações matriciais que incluam elementos significativos de IA. Dada a magnitude dos contributos da IA, um gestor de IA humana é um elemento indispensável da equipa.

Há uma década, quase ninguém tinha ouvido falar de “influencer”. Agora, a maioria das organizações não pensaria em fazer negócios sem ele. Esse será o caso do especialista em ética, do curador e de uma série de outras funções criadas especificamente por e para a IA.

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